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O problema da distribuição de vacinas doadas

O problema da distribuição de vacinas doadas
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jun. 10 - 5 min de leitura
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As vacinas deveriam ir para quem precisa ou para quem interessa? Entenda a problemática e a opinião dos autores desse artigo publicado na The Lancet.

Os países do G7, um grupo de países com importância geopolítica e econômica no âmbito mundial, já estão passando de um estoque escasso para um abundante no que tange à vacina para a COVID-19.

E isso tem gerado uma movimentação pelas indústrias também em prol de realizar a doação do excedente de doses que tem atingido patamares de milhões. Além disso, a indústria e fornecedores de vacina ofereceram bilhões de doses a preço de custo a fim de auxiliar na vacinação em massa de países de baixa e média renda.

 

E para quem vai essas doses excedentes?

Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia buscam destinar a maior parte dessas doses para o COVAX - uma iniciativa criada pela OMS em prol de fazer uma distribuição igualitária e auxiliar países pobres na vacinação da população contra a COVID-19.

No entanto existe uma discussão do interesse geopolítico estar sendo maior do que a análise epidemiológica da necessidade em cada país. Por exemplo, a China prometeu as doações para o “cinturão da China e a rota” ou também chamada a “nova rota da seda”, enquanto que a Índia também prometeu as doses para o mesmo grupo de países.

Um outro exemplo é o da Rússia, que prometeu mais doses de vacinas aos atletas e aos participantes das olimpíadas do que doou nos primeiros 5 meses do boom de vacinas para nações como Peru, África do Sul e Ucrânia onde os casos têm aumentado.

Segundo os autores, é compreensível que isso seja feito até certo ponto pelas questões diplomáticas, no entanto se isso se expandir ou atingir escala acabará que os países que mais necessitam das doses de doação continuarão sem. 

 

E o que é possível ser feito?

Esses autores desenvolveram um modelo pelo qual é possível estimar o número de mortes em todos os países que estão sendo acometidos pelo SARS-CoV-2 baseado na mobilidade urbana, no uso de máscara, na sazonalidade e no número de testes per capita. 

Foi usado para a criação do modelo um cenário também com a vacinação utilizando diferentes vacinas, atingindo as principais variantes localizadas nos territórios previstos. Tudo se baseou nos dados disponíveis até agora na literatura e adaptações e atualizações serão necessárias com base no que for ocorrendo a partir de então.

 

E com base no modelo, onde a vacina deve ser entregue?

As áreas de maior necessidade estão localizadas na América Latina, Central, Leste Europeu, Ásia Central e África do Sul. Justamente áreas que tem recebido atualmente o menor aporte de vacinas até a data da publicação do artigo (08 de junho de 2021).

 

 

Esse foi o mapa de mortes esperadas nas diversas regiões do mundo, e segundo os autores, os países com menor probabilidade de agravar a situação da COVID-19.

 

E como está a mudança do cenário desse problema?

No dia 17 de maio de 2021, Biden prometeu não doar as doses para manter acordos e favores para outros países, mas garantir que os suprimentos sejam distribuídos de uma maneira mais equitativa e seguindo os preceitos da ciência e os dados da saúde pública.

É um ótimo passo que os EUA deveriam manter, assim como os outros países do G7, adotando uma postura de distribuição de doses menos geopolítica e mais em prol da saúde pública.

Ainda no fim do artigo, os autores deixam uma sugestão para que dados sejam criados em relação a efetividade da vacinação contra as variantes mais prevalentes em uma determinada localidade.

 


Por Yan Kubiak Canquerino - Colaborador da Academia Médica


 

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Referências

Epidemiology, not geopolitics, should guide COVID-19 vaccine donations (thelancet.com). Acesso em: 10/06/2021.

O que é a Iniciativa Covax contra a Covid-19 e como ela funciona | Veja Saúde (abril.com.br). Acesso em: 10/06/2021.

China’s Massive Belt and Road Initiative | Council on Foreign Relations (cfr.org). Acesso em 10/06/2021.



 


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