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Tortura no Século XXI: a Realidade que Você Precisa Saber

Tortura no Século XXI: a Realidade que Você Precisa Saber
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out. 5 - 4 min de leitura
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Em meio à era da informação e da conectividade, onde celebramos avanços tecnológicos e descobertas inovadoras, é perturbador confrontar a persistente sombra da tortura que mancha nossa humanidade coletiva. As marcas da brutalidade, em corpo e alma, não são apenas cicatrizes dos que sofrem, mas também são lembranças das falhas na falta de solidariedade e da urgência em reavaliar valores e prioridades.

Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto e Prêmio Nobel da Paz, uma vez observou: 'O oposto do amor não é o ódio, é a indiferença. O oposto da arte não é a feiura, é a indiferença. O oposto da fé não é a heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença.' Neste cenário, somos desafiados a não sermos indiferentes, a não nos perdermos na vastidão da informação, mas a reconhecer e debater as injustiças que ainda persistem em nosso mundo.

A fim de desvendar os contornos deste grave cenário, um estudo recente se aprofundou sobre os métodos, distribuição e frequências de tortura em âmbito mundial.🖤

Contrariando os princípios fundamentais do direito internacional, a tortura persiste como uma dolorosa realidade para muitos. Um relatório da Anistia Internacional destaca que a tortura foi registrada em, no mínimo, 141 países. Mais ainda, as repercussões desta prática horrenda são visivelmente manifestas pelo aumento de sobreviventes buscando asilo em nações mais seguras, fugindo de conflitos armados e alterações climáticas.

O estudo inovador, publicado na JAMA Network Open em 03 de outubro de 2023, decidiu desvendar a amplitude desse cenário sombrio. Essa pesquisa, marcada como a primeira meta-análise de sua magnitude, identificou a predominância de métodos de tortura globalmente. Notavelmente, 21 dos inúmeros métodos de tortura são responsáveis por uma esmagadora porcentagem de 84% dos casos documentados.

Na tabela, é possível obter um panorama das características demográficas dos participantes envolvidos neste estudo.

Fonte:  JAMA Netw Open. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36629

O estudo traz à luz a perturbadora realidade de que a tortura não é isolada, mas sim uma prática disseminada em todas as regiões do mundoA pesquisa ilustra que os algozes frequentemente empregam uma combinação de torturas físicas e psicológicas, com uma média chocante de três métodos distintos por indivíduo.

Na figura podemos observar os 10 principais métodos físicos de tortura conforme classificado por um consenso.

Fonte:  JAMA Netw Open. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36629

Entretanto, o estudo também levanta questões sobre a disparidade na documentação entre os gêneros. Os resultados indicam que a tortura contra as mulheres pode ser subdocumentada ou, erroneamente, considerada uma prática predominantemente masculina. 

No gráfico observamos as diferenças nas frequências de métodos de tortura entre homens e mulheres, lançando evidências sobre disparidades de gênero nesta prática atroz: 

Fonte:  JAMA Netw Open. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36629

Apesar das revelações contundentes, a pesquisa não está isenta de limitações. A real amplitude da tortura, em termos geográficos e de frequência, pode ser ainda mais vasta devido a subnotificações. A revisão também teve restrições linguísticas e metodológicas, excluindo artigos não escritos em inglês e materiais não avaliados por pares.


Esta investigação não apenas evidencia a magnitude da tortura em escala global, mas também destaca as disparidades de gênero e a complexidade dos métodos utilizados. Mesmo em nossa era avançada de conhecimento e consciência, tais práticas abomináveis persistem, e servem como testemunho da necessidade contínua de vigilância, educação, ação e conscientização. O estudo, é um chamado, não apenas para a comunidade internacional, mas para cada indivíduo, a reconhecer, confrontar e combater as injustiças persistentes, garantindo que tais atrocidades não sejam relegadas às sombras da indiferença.


Leia também: 


Referência: 

Milewski A, Weinstein E, Lurie J, et al. Reported Methods, Distributions, and Frequencies of Torture Globally: A Systematic Review and Meta-Analysis. JAMA Netw Open. 2023;6(10):e2336629. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36629


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