Um estudo conduzido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), publicado na Nature Genetics em 14 de setembro de 2023, traz novas descobertas sobre a imunoterapia com inibidores de checkpoint, que, apesar de eficazes para certos pacientes com câncer, não funcionam para todos.
Os inibidores de checkpoint, como pembrolizumab, atuam potencializando a resposta das células T contra tumores. Foi observado que esses medicamentos tendem a ser mais eficazes em pacientes cujos tumores apresentam inúmeras proteínas mutadas - altamente visadas pelas células T. No entanto, para cerca de 50% desses pacientes, os inibidores não apresentam os resultados esperados.
O estudo em questão investigou as razões dessa inconsistência. Ao trabalhar com modelos de camundongos que mimetizam a progressão de tumores com alta carga mutacional, os pesquisadores notaram que a efetividade da terapia não estava diretamente ligada ao número de mutações, mas sim à diversidade dessas mutações dentro do tumor. Uma descoberta importante foi o conceito de heterogeneidade intratumoral: tumores podem ter várias mutações, mas se cada célula do tumor possui mutações diferentes das demais, a terapia é menos eficaz.
O motivo por trás disso é que, na presença de alta heterogeneidade, as células T não reconhecem suficientemente nenhum antígeno cancerígeno específico para serem ativadas. Portanto, a conclusão é que inibidores de checkpoint são mais eficazes em tumores clonais, onde a mutação está presente em todas as células.
Esta pesquisa ressalta a importância da personalização no tratamento do câncer. Não basta apenas identificar um alto número de mutações; é crucial avaliar sua distribuição e homogeneidade. A abordagem sob medida se baseia na ideia de que cada câncer é único e requer estratégias direcionadas.
Além disso, um ponto de alerta para a prática clínica é que medicamentos que bloqueiam a via de reparo do DNA, aumentando as mutações para que as células T possam alvejar, podem não ser benéficos. A pesquisa sugere que isso pode resultar em tumores super heterogêneos, que confundem a resposta das células T, tornando a terapia imune ineficaz.
Este estudo aprofunda nosso entendimento da resposta imunológica em oncologia e destaca a necessidade de uma abordagem mais individualizada. Como sempre, este estudo reforça como a ciência e a medicina avançam de mãos dadas, visando melhores resultados para os pacientes. 😉
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Referência:
Massachusetts Institute of Technology. "Study explains why certain immunotherapies don't always work as predicted." ScienceDaily. ScienceDaily, 14 September 2023. <www.sciencedaily.com/releases/2023/09/230914175112.htm>.