Um estudo transversal realizado em um grande departamento acadêmico de medicina (1) demonstrou que o maior reconhecimento do impacto do racismo na saúde foi associado a maiores chances de se falar sobre um encontro racista ou sobre uma política racista.
A pesquisa contou com a participação de estagiários, residentes, bolsistas e professores, e, segundo os pesquisadores, menos da metade dos participantes se manifestou quando testemunhou um encontro ou política racista.
Entretanto, aqueles que mais reconheciam o impacto do racismo na saúde ou os que tinham mais de 50 anos eram geralmente mais propensos a denunciar às lideranças. Em contrapartida, os participantes que se identificaram com o gênero masculino ou relataram ter idade mais avançada apresentaram níveis mais baixos de reconhecimento do impacto do racismo na saúde e na sociedade(1).
Visto isso, a pesquisa reforça a necessidade de programas educacionais antirracistas para os médicos mais velhos, uma vez que a maioria dos esforços contra o racismo na saúde têm sido conduzidos por estudantes, estagiários e médicos mais jovens e assim, tem atingido menos a população de idade mais avançada. Além disso, para os cientistas, os achados da pesquisa podem refletir a falta de consciência da presença de racismo nos cuidados de saúde ou falta de competências para lidar com o racismo.
Tais probabilidades ressaltam a importância de educar e estudar a relação entre racismo e sequelas negativas de saúde, bem como treinar estudantes de medicina, estagiários e professores para abordar o racismo estrutural e as microagressões contra os que sofrem esse tipo de preconceito (1).
Por fim, o estudo encontrou que os indivíduos entre 20 e 29 anos, são mais propensos a falar com outras pessoas sobre experiências racistas, mas hesitam em falar com a fonte do encontro ou liderança racista, o que enfatiza a importância de, além de promover a educação antirracista, criar espaços seguros para a troca de experiências e observações de vivências racistas entre os acadêmicos, residentes e médicos, a fim de que o racismo na saúde diminua e que haja mais igualdade no cuidado e relacionamento com esses indivíduos.
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Referência
1.Burnett-Bowie, SA.M., Zeidman, J.A., Soltoff, A.E. et al. Attitudes and Actions Related to Racism: the Anti-RaCism (ARC) Survey Study. J GEN INTERN MED (2022). https://doi.org/10.1007/s11606-021-07385-1