Recentes estudos desenvolvidos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies revelaram dados alarmantes sobre a saúde dos brasileiros, especialmente no que diz respeito à obesidade e ao excesso de peso.
Segundo o Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), conduzido pela UFPel, em 2023, foi constatado que 17,1% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos apresentam índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 30, configurando a obesidade. Esse percentual representa um aumento significativo de 90% em relação ao ano anterior.
Outro estudo realizado pela UFPel em parceria com a Vital Strategies revelou que 56,8% da população brasileira está com excesso de peso, considerando a soma das pessoas com sobrepeso e obesidade. Essa pesquisa também apontou que a taxa de excesso de peso é ainda maior na faixa etária de 45 a 54 anos, chegando a 68,5%.
No que diz respeito aos hábitos alimentares, a pesquisa revela que o consumo de verduras, legumes e frutas ainda é baixo no Brasil. Menos da metade da população consome esses alimentos de forma regular, destacando-se a faixa etária mais idosa como a que mais adota esse hábito. As diferenças entre sexos, escolaridade e regiões do país também são evidentes nesse aspecto.
Além disso, é alarmante o número de brasileiros que consomem refrigerantes e sucos artificiais de forma frequente, contribuindo para uma alimentação não saudável e o aumento do risco de desenvolvimento de doenças crônicas.
No que se refere à prática de atividade física, apenas uma minoria da população brasileira atinge as recomendações mínimas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O sedentarismo é mais prevalente entre as mulheres, as pessoas com menor escolaridade e os idosos.
Outras questões abordadas pela pesquisa são o tabagismo e o consumo abusivo de álcool. Apesar de uma estabilização da prevalência do tabagismo nos últimos anos, os números ainda são preocupantes, especialmente entre homens e pessoas de determinadas faixas etárias e regiões do país. Quanto ao consumo abusivo de álcool, também foram identificadas altas taxas, principalmente entre os jovens e pessoas com maior escolaridade.
A saúde mental também é um tema de destaque nesses estudos. A depressão e a ansiedade afetam uma parcela significativa da população, especialmente as mulheres e os jovens adultos. A qualidade do sono também é uma preocupação, já que menos da metade dos brasileiros dormem a quantidade de horas recomendadas.
Diante desse panorama preocupante, é fundamental que a sociedade e os profissionais de saúde atuem de forma integrada para combater esses problemas. Ações de prevenção, promoção da saúde e educação alimentar devem ser implementadas em todas as faixas etárias, com ênfase na adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividade física.
É essencial que a população esteja ciente dos riscos associados ao excesso de peso e à obesidade, bem como dos impactos negativos de hábitos prejudiciais à saúde, como o consumo de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo e o tabagismo. A conscientização e o acesso a informações confiáveis são fundamentais para a promoção de mudanças de comportamento e a melhoria da qualidade de vida.
Os resultados desses estudos devem servir como um alerta para a sociedade e também como um ponto de partida para a implementação de políticas públicas efetivas e ações de saúde que visem combater a obesidade, o excesso de peso e os demais problemas de saúde relacionados. Somente com um trabalho conjunto e uma abordagem abrangente será possível reverter essa tendência preocupante e garantir um futuro mais saudável para os brasileiros.
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Referências:
- Agência Brasil (Junho, 2023) - Mais da metade dos brasileiros têm excesso de peso, aponta estudo.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-06/mais-da-metade-dos-brasileiros-tem-excesso-de-peso-aponta-estudo - Agência Brasil (Junho, 2023) - Obesidade entre jovens de 18 a 24 anos subiu 90% em um ano.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-06/obesidade-entre-jovens-de-18-24-anos-subiu-90-em-um-ano