Durante a faculdade somos conduzidos a nos tornar médicos não apenas num diploma. Quando formados, não seremos médicos apenas dentro de quatro paredes ou apenas enquanto estamos vestidos de branco, até porque a cor nunca fez de ninguém santo. Entretanto é essa a consciência que muitos têm e só tratam daqueles que até eles vêm.
Da porta do consultório pra fora, eles não se preocupam, o mundo lá fora não tem solução. Pena! Tenho pena destes, pois não entenderam a essência da profissão. Não entenderam que não adianta ouvir os sons internos com um estetoscópio, sem a intenção de realmente tocar o coração. Tenho pena destes que mal tocam naqueles que sentam em seus escritórios luxuosos, esperando serem ouvidos e receberem uma direção. Tenho pena dos que caminham nos corredores, como se fossem imperadores, mas não estendem a mão para os que caem pelo chão.
Do que adianta ser o melhor ao receitar uma droga, se na hora que alguém clamar na rua, não será os seus ouvidos que lhe darão atenção, porque você está preocupado demais se seu reino está em progressão? Do que adianta ser coroado pelas boas habilidades, se na hora que seus serviços são necessários, deixarás morrer vários em meio à multidão?
Não, não está certo. Antes de ser médico, é preciso ser ser humano, essa é a nossa principal formação. Aprendemos na carne, dia após dia, a tocar naqueles que gritam de emoção. Chega de falar que quer salvar vidas, mas na hora de dar a mão ao mendigo, você teme a sua podridão.
Chega de pintar de bom samaritano, enquanto o ambiente é favorável, mas na hora do sufoco você deixa todos na mão.Médico é médico onde quer que esteja, seja em consultório, seja na rua, seja na igreja. O médico ajuda sem pedir a quem, pois um dia jurou abrir mão de sua vida e pensar noutro alguém.
Médico é médico, quer de jaleco, quer de pijama. Se o clamam jogados na rua ou deitados numa cama. Médico é médico onde for, mas se você quer ser bom apenas no consultório, joga fora seu diploma, seu doutô.
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