Mutações genéticas hereditárias
podem aumentar significativamente a chance do homem vir a desenvolver câncer de
próstata, além da associação a piores prognósticos. Dessa forma, testes que
avaliam risco de câncer genético são fortemente recomendados para pacientes em
estado avançado e metastático, visto que ele pode ter um impacto na escolha da
terapia e seus familiares mais próximos podem ficar atentos à possibilidade de
desenvolver esse e outros tipos de tumores relacionados aos mesmos genes.
Testes em genes relacionados a
maior risco de cânceres hereditários vêm sendo incluídos no cuidado à saúde de
pacientes com câncer de próstata para otimizar as estratégias de tratamento,
tornando-as mais precisas. Nos últimos anos, houve um aumento do entendimento
das mutações relacionadas à predisposição do problema, bem como vêm sendo
desenvolvidos novos tratamentos tidos como mais eficazes.
Diversos genes associados ao
câncer podem ser utilizados quando identificados nos testes genéticos para
estratégias de triagem, especialmente os genes mutados BRCA. Os genes BRCA1 e
BRCA2 são os principais genes envolvidos na predisposição do câncer de
próstata, e estão associados também ao câncer de mama e ovário. A mutação no
gene BRCA2 está associada a um aumento da mortalidade e diagnóstico em pacientes mais jovem. Além disso, outras
síndromes hereditárias, como a síndrome de Lynch, podem ter predisposição com
os mesmos genes mutados para câncer de próstata.
Existe um consenso entre experts e diversas organizações
profissionais na recomendação de incluir o teste genético na triagem de câncer
de próstata, auxiliando para uma busca ativa em pacientes que possuem maior predisposição
para esse tipo de câncer, avaliação de risco, adoção de estratégias de
prevenção e tratamento mais assertivo. Porém, há diversos desafios para a área
médica no que diz respeito à implementação.
Em relação ao tratamento, hoje é
reconhecido o auxílio que os testes genéticos podem propiciar para terapias
mais precisas. Por exemplo, pesquisas indicam que o câncer de próstata, quando
envolvido com alguns genes mutados
específicos, está sujeito a um melhor prognóstico quando são utilizados
inibidores de PARP e quimioterapias baseadas em platina. Dada a importância para
a escolha do tratamento, é recomendado pelo National
Comprehensive Cancer Network Prostate Cancer que se realize testes em todos
os pacientes com câncer metastático ou de alto risco da doença dos genes BRCA1,
BRCA2, ATM, PALB2, CHEK2, MLH1, MSH2, MSH6, PMS2 e HOXB13, além de outros genes
com base em indicadores genéticos.
Assim, é esperado que o teste,
com o tempo, inclua homens que apresentem câncer em qualquer estágio e também os
que possuem predisposição com base no histórico familiar, mesmo que ainda não
afetados pelo problema. O histórico familiar tem como base informações de
diagnósticos de câncer de três gerações, tanto do lado paterno quanto materno,
incluindo idade do diagnóstico, regime de tratamento, se culminou com a morte,
idade da morte e outros fatores que podem influenciar nas chances do paciente
vir a ter câncer, no tratamento e prognóstico.
Dessa forma, é necessário que
haja uma colaboração entre oncologistas, urologistas, geneticistas e profissionais
da saúde da atenção primária para que se tenha um melhor prognóstico para o
paciente e sua família em relação ao câncer de próstata, bem como outros tipos
de cânceres que a predisposição desses genes mutados podem ocasionar.
Referência:
Veda N. Giri MD, Todd M. Morgan MD,David S. Morris MD, FACS,Jacob E.
Berchuck MD,Colette Hyatt MS, CGC,Mary-Ellen Taplin MD. Genetic testing in
prostate cancer management: Considerations informing primary care. DOI:
10.3322/caac.21720. Disponível em: <https://acsjournals.
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