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Alimentos ultra-processados e riscos de câncer: Insights do estudo europeu EPIC

Alimentos ultra-processados e riscos de câncer: Insights do estudo europeu EPIC
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nov. 27 - 5 min de leitura
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  • Associação com risco de câncer: Estudo mostra relação direta entre o consumo de alimentos ultra-processados e aumento no risco de câncer de cabeça, pescoço e adenocarcinoma do esôfago.

  • Fatores Adicionais além da adiposidade: Análise indica que, além da adiposidade, outros fatores relacionados aos alimentos ultra-processados, como contaminantes e aditivos, podem influenciar o risco de câncer.

O estudo European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC), uma investigação prospectiva abrangente sobre câncer e nutrição na Europa, trouxe à tona resultados significativos relacionados ao consumo de alimentos ultra-processados e seu impacto no aumento do risco de câncer de cabeça, pescoço e adenocarcinoma do esôfago.


Publicado em 22 de novembro de 2023, o estudo utilizou o sistema de classificação NOVA, desenvolvido por Monteiro et al., que categoriza os alimentos segundo seu grau e propósito de processamento. Neste contexto, os alimentos ultra-processados são definidos como formulações industriais complexas, contendo ingredientes e aditivos cosméticos não comuns em cozinhas domésticas.

🔎 Consumo de Alimentos Ultra-Processados e Associação com o Câncer

Os achados do estudo European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition destacam uma associação positiva entre o consumo de alimentos ultra-processados e o risco de câncer de cabeça e pescoço e adenocarcinoma do esôfago. A análise não encontrou variação significativa entre subtipos de câncer de cabeça e pescoço, sugerindo uma associação generalizada com o consumo de alimentos ultra-processados. Além disso, indicou-se que essa associação pode ser mais forte em homens do que em mulheres.

🚩 Relação com Adiposidade:

O consumo de alimentos ultra-processados também tem sido associado a maior adiposidade, medida por índices como o índice de massa corporal e a relação cintura-quadril. Dada a relação conhecida entre adiposidade e risco de adenocarcinoma do esôfago, e a associação positiva entre adiposidade visceral e risco de câncer de cabeça e pescoço, era plausível supor que a adiposidade mediava a relação entre alimentos ultra-processados e esses cânceres.

No entanto, a análise de mediação do estudo European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition mostrou que a adiposidade mediava apenas uma pequena proporção das associações positivas entre consumo de alimentos ultra-processados e câncer de cabeça e pescoço e adenocarcinoma do esôfago.

🚩 Outros Mecanismos Potenciais:

O estudo sugere que mecanismos além da adiposidade podem estar em jogo. A qualidade da dieta não pareceu ter um papel importante nas associações observadas, indicando que o processo de ultra-processamento em si pode estar relacionado ao risco de doença, independentemente da qualidade nutricional. Substâncias carcinogênicas presentes nos alimentos ultra-processados, como contaminantes neoformados durante o tratamento térmico, contaminantes transferidos de materiais de embalagem e aditivos utilizados para preservar e melhorar as propriedades organolépticas dos alimentos, podem ajudar a explicar a relação entre o consumo de alimentos ultra-processados e o risco de câncer do trato aerodigestivo superior.

🔎 Limitações e Considerações Futuras:

O estudo reconhece várias limitações, incluindo a possibilidade de confundimento residual e erro de medição. Além disso, a análise de mediação foi baseada em dados coletados no início do estudo, o que pode limitar a interpretação temporal entre exposição e mediador. Os questionários de frequência alimentar utilizados no início do estudo não foram projetados para distinguir entre os grupos NOVA, o que pode levar a uma classificação errônea e enfraquecer as estimativas de associação.

Embora o estudo European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition tenha reafirmado a associação entre o consumo de alimentos ultra-processados e um aumento do risco de câncer de cabeça e pescoço e adenocarcinoma do esôfago, é necessário um maior aprofundamento para investigar outros mecanismos potenciais. A pesquisa aponta para a necessidade de estudos futuros em diferentes configurações e com abordagens metodológicas alternativas para confirmar essas associações e compreender melhor os mecanismos subjacentes.


💙 Para detalhes e aprofundamento no conteúdo desta pesquisa, disponibilizamos aqui, o link de acesso ao estudo na íntegra! 😉




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Leia também: 


Referência:

Morales-Berstein, F., Biessy, C., Viallon, V. et al. Ultra-processed foods, adiposity and risk of head and neck cancer and oesophageal adenocarcinoma in the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition study: a mediation analysis. Eur J Nutr (2023). https://doi.org/10.1007/s00394-023-03270-1



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