O consumo materno de alimentos ultraprocessados parece estar ligado a um risco aumentado de sobrepeso ou obesidade nos filhos, independentemente de outros fatores de risco de estilo de vida. Isto é o que sugere um estudo publicado no periódico The BMJ.
Para explorar a relação entre a alimentação baseada em alimentos industrializados e o risco de obesidade infantil, os pesquisadores se basearam em dados de 19.958 crianças nascidas de 14.553 mães (45% meninos, com idades entre 7 e 17 anos no momento da inscrição no estudo) do Nurses' Health Study II (NHS II) e do Growing Up Today Study (GUTS I e II) nos Estados Unidos.
Diversos outros fatores potencialmente influentes, conhecidos por estarem fortemente correlacionados com a obesidade infantil - como o índice de massa corporal da mãe, atividade física, tabagismo, estado civil e escolaridade do companheiro, bem como o consumo de alimentos ultraprocessados da criança, atividade física e sedentarismo - foram levados em consideração.
No geral, 2.471 crianças (12%) desenvolveram sobrepeso ou obesidade durante um período médio de acompanhamento de quatro anos. Os resultados mostraram que o consumo de alimentos ultraprocessados pela mãe foi associado a um risco aumentado de sobrepeso ou obesidade nos filhos. Por exemplo, um risco 26% maior foi observado no grupo com maior consumo materno de alimentos ultraprocessados em comparação com o grupo de menor consumo.
Em uma análise separada de 2.790 mães e 2.925 crianças, que se baseou em informações sobre a dieta de 3três meses antes da concepção até o parto (perigestação), os pesquisadores descobriram que a ingestão de alimentos ultraprocessados na perigestação não foi significativamente associada a um risco aumentado de sobrepeso ou obesidade na prole.
Uma limitação deste estudo é o seu desenho. Ele é observacional. Portanto, não é possível estabelecer especificamente a causa dos desfechos encontrados, sendo que os pesquisadores reconhecem que parte do risco observado pode ser devido a outros fatores não medidos. Além disso, as medidas de dieta e peso autorrelatadas podem estar incorretas.
No entanto, o estudo se baseou em grandes conjuntos de dados de estudos em andamento com avaliações dietéticas detalhadas durante um período relativamente longo e análises posteriores produziram associações consistentes, sugerindo que os resultados são robustos.
Os resultados "apoiam a importância de refinar as recomendações dietéticas e o desenvolvimento de programas para melhorar a nutrição de mulheres em idade reprodutiva para promover a saúde da prole".
Referência:
Wang, Y., et al. (2022) Maternal consumption of ultra-processed foods and
subsequent risk of offspring overweight or obesity: results from three
prospective cohort studies. BMJ. doi.org/10.1136/bmj-2022-071767. Disponível em https://www.bmj.com/content/379/bmj-2022-071767?utm_source=substack&utm_medium=email