O Dia Mundial do Doador de Medula é celebrado no terceiro
sábado do mês de setembro. No Brasil, segundo informações do Registro Nacional
de Medula Óssea (Redome), existem cerca de 650 pessoas na fila por uma doação
de medula de um doador não aparentado. O país tem o terceiro maior banco de
dados do gênero do mundo (perde só para Estados Unidos e Alemanha), com
aproximadamente 5,5 milhões de inscritos.
Em comemoração à data, a Academia Médica conversou com uma
doadora de medula pra saber suas impressões sobre o procedimento. A terapeuta
Sandra Regina Pokrywiecki, que atualmente está com 52 anos de idade e mora em
Curitiba, fez a doação em dezembro de 2013, quase seis anos após se cadastrar
no Redome através do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina
(Hemosc), em Florianópolis, onde vivia na época.
Ela foi atraída por uma campanha que tinha como objetivo
angariar possíveis doadores e conta que, após ter o cadastramento efetuado, não
pensou mais sobre o assunto. “Eu não tinha muita noção sobre a dificuldade de
encontrar um doador compatível. Mas sempre que mudava de endereço ou número de
telefone lembrava de atualizar meu cadastro. Sabia que muitas vezes a doação é
impossibilitada pela não atualização do cadastro e consequente não localização
física do doador”, conta.
Quando foi contactada pelo Redome e convidada a doar a um paciente que vivia na Suíça com o qual era 100% compatível, Sandra não pensou duas
vezes. Respondeu na hora que seria doadora. Morando em Curitiba, ela passou por
algumas avaliações e depois voltou para Florianópolis por alguns dias para se
submeter ao procedimento. A coleta pela veia foi realizada pela máquina de
aférese. Durante cinco dias, ela recebeu duas injeções diárias de medicamento
na região do umbigo para estimular a multiplicação das células-mãe. Essas
células migram da medula para as veias e são filtradas pela máquina.
“A princípio, o processo de filtração seria de quatro horas,
mas ao final a responsável pelo processo de doação informou que não havia
alcançado o número adequado de células. Por isso, precisei ficar mais uma hora
ligada à máquina. Ao final, fiquei sabendo que o meu sangue saiu e entrou do
meu corpo 22 vezes”, lembra Sandra.
O medicamento utilizado causou alguns efeitos colaterais,
fazendo que a doadora sentisse muitas dores no corpo. “Era como estar com uma
gripe muito forte. Lembro que meu marido ficou bastante preocupado, pois
acreditava que era um procedimento de risco. Ele ficou segurando a minha mão
durante as cinco horas, conversando e me apoiando durante todo o processo.
Senti desconforto no braço direito (que estava ligado à máquina). Tenho veias
finas e meu braço foi inchando ao longo do tempo”, recorda. “Porém, a
recuperação foi muito rápida. Quando terminou a doação, já pude caminhar e no
dia seguinte estava muito bem, sem dores e sem nenhum desconforto”.
Sandra foi informada de que poderia ser contactada para fazer nova doação caso houvesse algum problema. Novamente, ela não hesitou e disse que doaria mais uma vez se fosse preciso. Felizmente, o procedimento não precisou ser repetido “Foi uma das coisas mais incríveis que aconteceu em minha vida. Senti uma conexão sagrada com uma pessoa que nunca vou conhecer pessoalmente. Lembro que durante o processo de coleta rezei, mentalizei e emanei muitas energias positivas, porque queria que de alguma maneira essa pessoa (a receptora) recebesse muito mais do que um plasma biológico. Queria que ela fosse abastecida de vitalidade, alegria e muito bem-querer. Não sei o que aconteceu com ela, mas acredito, com a força da minha alma, que está feliz vivendo na Suíça graças ao procedimento pelo qual passei”.
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