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Celíacos têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares

Celíacos têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares
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fev. 3 - 5 min de leitura
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A doença celíaca é uma doença autoimune que resulta de uma reação imunológica ao glúten, uma proteína encontrada na cevada, trigo e centeio. Esta condição ocorre em cerca de 1% da população do Reino Unido, embora a prevalência esteja aumentando, em parte devido à melhoria dos diagnósticos. A doença celíaca é mais comum em mulheres e geralmente é diagnosticada na infância e adolescência ou entre 40 e 60 anos. Porém, pode ocorrer ao longo da vida.  

Os sintomas incluem diarreia, perda de peso, anemia, fadiga crônica e outros sintomas intestinais e extraintestinais. Sabe-se que pessoas com doença celíaca possuem risco aumentado de osteoporose e alguns tipos de câncer, incluindo linfoma não-Hodgkin e adenocarcinoma do intestino delgado, bem como anemias e outras condições autoimunes, como dermatite herpetiforme.  

Agora, um estudo publicado no periódico BMJ Medicina indica que pacientes que possuem doença celíaca possuem maior risco cardiovascular em comparação à população em geral. No entanto, os pesquisadores não encontraram motivos claros para tal associação. 

Para descobrir se os fatores de risco cardiovascular tradicionais podem contribuir para a ligação entre a doença celíaca e um risco aumentado de doença cardiovascular (doença isquêmica do coração, ataque cardíaco e derrame), os pesquisadores basearam-se em dados médicos fornecidos pelos participantes do UK Biobank. Esta base de dados populacional contém informações de cerca de meio milhão de pessoas de 40 a 69 anos da Inglaterra, Escócia e País de Gales, coletadas entre 2006 e 2010. 

Dentre o total de pacientes, 2.083 tinham doença celíaca, mas nenhuma doença cardiovascular, quando recrutados para o UK Biobank. Sua saúde cardiovascular foi monitorada por meio de registros hospitalares vinculados e certidões de óbito, por uma média de pouco mais de 12 anos.  

Durante o período de monitoramento, 40.687 diagnósticos de doenças cardiovasculares foram registrados entre todos os participantes sobreviventes do UK Biobank.  Cerca de 218 desses incidentes ocorreram em pessoas com doença celíaca – equivalente a uma taxa anual de 9 em cada 1.000 pessoas – em comparação com uma taxa anual de 7,4/1.000 naqueles sem a doença. 

Isso se traduz em um risco aumentado de 27% de doença cardiovascular para pessoas com doença celíaca em comparação com pacientes não-celíacos, após contabilizar uma ampla gama de fatores potencialmente influentes no estilo de vida, médicos e doenças cardiovasculares. 

O risco parece, de acordo com o estudo, aumentar conforme o tempo discorrido desde o diagnóstico: um risco aumentado de 30% entre aqueles que tinham doença celíaca por menos de 10 anos, subindo para um risco aumentado de 34% entre aqueles que a tinham há 10 anos ou mais. 

No entanto, as pessoas com doença celíaca tinham menos fatores de risco conhecidos para doenças cardiovasculares (incluindo sobrepeso ou obesidade; pressão arterial sistólica alta; histórico de tabagismo; e colesterol alto), sendo mais propensas a ter um IMC mais baixo e uma pressão arterial sistólica mais baixa. Elas eram mais propensas a ter uma pontuação de risco cardiovascular ideal (23% vs 14%) e menos propensas a ter uma pontuação de risco ruim (5% vs 9%) do que as pessoas sem doença celíaca.  

Quando os pesquisadores exploraram os potenciais efeitos conjuntos da doença celíaca e do escore de risco cardiovascular na doença cardiovascular incidente, o risco aumentou em mais de 60% em pessoas com doença celíaca mais um escore de risco de doença cardiovascular ideal em comparação com aqueles com um escore de risco ideal, mas sem doença celíaca. 

Os pesquisadores não analisaram os fatores dietéticos, mas algumas pesquisas publicadas anteriormente sugerem que uma dieta sem glúten pode reduzir a inflamação e, portanto, o risco de doenças cardiovasculares, enquanto outros estudos indicam que essa dieta pode realmente aumentar o risco. 

Este é um estudo observacional e, portanto, não pode estabelecer causa e efeito. Os pesquisadores reconhecem várias limitações em suas descobertas, incluindo o fato de que os fatores de risco para doenças cardiovasculares foram aferidos apenas uma vez. Eles argumentam que mais pesquisas sobre os drivers e vias dessa associação são necessárias.  

Referência: 

Conroy M, Allen N, Lacey B, et al. Association between coeliac disease and cardiovascular disease: prospective analysis of UK Biobank data. BMJ Medicine 2023;2:e000371. doi: 10.1136/bmjmed-2022-000371 

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