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Como os ritmos circadianos influenciam a doença de parkinson?

Como os ritmos circadianos influenciam a doença de parkinson?
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out. 2 - 3 min de leitura
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A crescente relação entre os ritmos circadianos, padrões de sono e doenças neurodegenerativas tem sido objeto de estudo e debate no mundo da medicina. Uma pesquisa recente da Universidade de Genebra (UNIGE) publicada em setembro de 2023 na revista Nature, ilumina uma possível conexão entre esses padrões e a doença de Parkinson, um transtorno neurodegenerativo marcado pela degeneração de neurônios dopaminérgicos.

Todos estamos familiarizados com o relógio biológico que regula grande parte das funções corporais, alternando entre períodos de vigília e sono. Este ciclo circadiano, com duração aproximada de 24 horas, controla desde a secreção de melatonina, a "hormona do sono", até as variações na temperatura corporal e o metabolismo, atuando em períodos de jejum e de ingestão de energia.

Distúrbios nesses ritmos têm sido observados em pacientes com Parkinson, muitas vezes antecedendo os sintomas motores da doença. A questão premente, porém, é se esses desregulamentos são uma causa ou consequência da doença. O laboratório da Dra. Emi Nagoshi na UNIGE utilizou moscas de fruta como modelo de estudo para a doença de Parkinson.

Esses insetos foram expostos a estresses oxidativos, similares aos que precipitam a degeneração neuronal em humanos. Intrigantemente, quando as moscas foram submetidas a tais estresses em diferentes momentos do dia e da noite, os resultados revelaram uma maior morte de neurônios dopaminérgicos quando o estresse ocorreu durante a noite. A observação levou a testes adicionais com moscas mutantes, sem ritmos circadianos definidos. Nestas, a ausência de um relógio biológico tornou seus neurônios ainda mais vulneráveis ao estresse oxidativo.

Essa descoberta sugere que o relógio circadiano desempenha um papel protetor em relação aos neurônios dopaminérgicos. Os achados têm implicações substanciais para nossa compreensão da doença de Parkinson. Indicam que fatores ambientais, como pesticidas ou poluentes, quando expostos em momentos específicos do dia, podem ter um impacto mais prejudicial na saúde neuronal.

Além disso, variações genéticas nos genes do relógio circadiano poderiam ser um fator de risco adicional para a neurodegeneração dopaminérgica. Como sempre, é crucial expandir essa investigação para determinar sua relevância no contexto humano. No entanto, estudos como esse abrem um novo capítulo na nossa busca por entender, prevenir e tratar a doença de Parkinson.

Se deseja aprofundar-se nas descobertas deste estudo, clique aqui para acessar a pesquisa completa.


Leia também: 


Referências:

  • Université de Genève. "Parkinson's: Are our neurons more vulnerable at night?." ScienceDaily. ScienceDaily, 28 September 2023. <www.sciencedaily.com/releases/2023/09/230928152348.htm>.
  • Majcin Dorcikova, M., Duret, L.C., Pottié, E. et al. Circadian clock disruption promotes the degeneration of dopaminergic neurons in male Drosophila. Nat Commun 14, 5908 (2023). https://doi.org/10.1038/s41467-023-41540-y

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