O câncer de mama é uma doença em que as células da mama crescem descontroladamente. Existem diferentes tipos de câncer de mama e o tipo de câncer depende de qual tipo celular sofreu transformação maligna. Uma mama é composta por três partes principais: lóbulos, ductos e tecido conjuntivo. Os lóbulos são as glândulas que produzem leite. Os dutos são tubos que levam o leite ao mamilo e o tecido conjuntivo (que consiste em tecido fibroso e adiposo) envolve e mantém tudo unido. A maioria dos cânceres de mama começa nos ductos ou lóbulos.
No Brasil é a principal causa de câncer nas mulheres, depois do câncer de pele não melanoma. Devido sua elevada incidência, o rastreamento dessa doença e o diagnóstico precoce são fundamentais na redução da morbimortalidade das mulheres brasileiras. Leia a seguir o que o ministério da Saúde (MS) do Brasil fala sobre o rastreamento e o diagnóstico precoce.
“As estratégias de detecção precoce de câncer visam ao diagnóstico de casos de câncer em fase inicial de sua história natural, podendo ter como resultado melhor prognóstico e menor morbidade associada ao tratamento. No caso do câncer de mama, a detecção precoce consiste em ações de diagnóstico precoce e rastreamento. Conceitualmente, diagnóstico precoce é a identificação, o mais precocemente possível, do câncer de mama em indivíduos sintomáticos, enquanto rastreamento é a identificação do câncer de mama em indivíduos assintomáticos.”
E como o ministério da saúde recomenda fazer o rastreamento?
Pacientes em população de risco padrão:
1. Rastreamento com mamografia
Idade menor que 50 anos: O Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento com mamografia em mulheres com menos de 50 anos (recomendação contrária forte: os possíveis danos claramente superam os possíveis benefícios).
Idade entre 50 e 69 anos de idade: O Ministério da Saúde recomenda o rastreamento com mamografia em mulheres com idades entre 50 e 59 anos.
Idades maiores ou iguais a 70 anos: O Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento com mamografia em mulheres nessa faixa etária, tendo uma recomendação forte naquelas acima de 75 anos de idade.
E qual a periodicidade da realização da mamografia?
O Ministério da Saúde recomenda que a periodicidade do rastreamento com mamografia, nas faixas etárias recomendadas, seja bienal (recomendação favorável forte: os possíveis benefícios provavelmente superam os possíveis danos quando comparada às periodicidades menores).
Resumindo: o rastreamento utilizando a mamografia é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos.
2. Rastreamento com autoexame das mamas
Embora tenha sido altamente difundido no passado, a recomendação atual do MS do Brasil é contra o autoexame das mamas (AEM). O Ministério da Saúde recomenda contra o ensino do AEM como método de rastreamento do câncer de mama (recomendação contrária fraca: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios).
Em relação ao AEM o INCA se posicionou da seguinte forma: grandes estudos sobre o tema (realização do autoexame das mamas como rastreio) demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização – permanece sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano, sem periodicidade e técnica padronizadas como acontecia com o método de autoexame.
3. Rastreamento com exame clínico das mamas (ECM)
Segundo o MS o ECM é usado como método tanto de diagnóstico quanto de rastreamento. Como método diagnóstico, realizado por médico para diagnóstico diferencial de lesões palpáveis da mama, é um complemento essencial na investigação diagnóstica de doenças mamárias e o primeiro método de avaliação diagnóstica na atenção primária. Como rastreamento, é entendido como um exame de rotina feito por profissional de saúde treinado – geralmente enfermeiro ou médico – realizado em mulheres saudáveis, sem sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama. Ao contrário de seu papel consagrado como método diagnóstico, o rastreamento por meio do ECM é alvo de grande controvérsia na literatura científica.
No que diz respeito ao ECM o MS não chegou a uma resposta final no que diz respeito de recomendar ou não exame clínico das mamas. Sendo assim, em sua diretriz ele diz que há uma “ausência de recomendação: o balanço entre possíveis danos e benefícios é incerto”. Ou seja, não há uma recomendação formal entre fazer ou não o ECM como método de rastreio pelo MS.
4. Rastreamento com ressonância nuclear magnética
O Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento do câncer de mama com RNM em mulheres com risco padrão de desenvolvimento desse câncer, seja isoladamente, seja como complemento à mamografia (recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios).
5. Rastreamento com ultrassonografia mamária
O MS diz que ao lado da mamografia a ultrassonografia (USG) mamária bilateral é o mais importante método de imagem na investigação diagnóstica de alterações mamárias suspeitas, e os dois métodos são vistos como complementares na abordagem de diferentes situações clínicas. A USG possui duas grandes vantagens em relação a mamografia: i) a ausência do uso de radiação ionizante e ii) o fato de sua acuidade diagnóstica não depender da densidade mamária.
Mas apesar de seus benefícios, o Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento do câncer de mama com ultrassonografia das mamas, seja isoladamente, seja em conjunto com a mamografia (recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios).
6. Rastreamento com termografia
A termografia clínica da mama é um exame de imagem que registra a variação da temperatura cutânea. Por se tratar de um procedimento não invasivo, não expõe a pessoa à radiação, nem requer a compressão do tecido da mama. No entanto, o MS não recomenda o uso deste exame no rastreio do Ca de mama.
7. Rastreamento com tomossíntese mamária
Em 2012 Belfer definiu a tomossíntese mamária, que também é denominada de mamografia tridimensional ou mamografia tomográfica, representa um avanço nas técnicas de imagens mamárias a partir da introdução da tecnologia digital no campo da mamografia e do desenvolvimento de sofisticadas técnicas de computação que permitem uma avaliação tridimensional da mama. No entanto, apesar do avanço tecnológico, o MS também se posiciona contra o uso do método como modalidade de rastreio, seja isoladamente, seja em conjunto com a mamografia.
As pacientes que possuem alto risco para câncer de mama devem realizar a mamografia anualmente, a partir de 35 anos de idade.
As recomendações acima foram sumarizadas a partir das “Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil” e visam otimizar o rastreamento do câncer de mama na população feminina de nosso país para que haja uma redução na morbimortalidade relacionada a essa doença.
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Referências
Facina, T. (2016). Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil. Revista Brasileira de Cancerologia, 62(1), 59-60.
Confira as recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer de mama [Internet]. INCA - Instituto Nacional de Câncer. 2019 [cited 2021 Oct 25]. Available from: https://www.inca.gov.br/noticias/confira-recomendacoes-do-ministerio-da-saude-para-o-rastreamento-do-cancer-de-mama
Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil Sumário Executivo. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/livro_deteccao_precoce_final.pdf%20e%20http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_DDT_CancerMama_final.pdf.
CDCBreastCancer. What Is Breast Cancer? [Internet]. Centers for Disease Control and Prevention. 2021 [cited 2021 Oct 25]. Available from: https://www.cdc.gov/cancer/breast/basic_info/what-is-breast-cancer.htm
Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral