Academia Médica
Academia Médica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
loading
VOLTAR

Como rastrear o câncer de mama?

Como rastrear o câncer de mama?
Academia Médica
out. 26 - 8 min de leitura
000

O câncer de mama é uma doença em que as células da mama crescem descontroladamente. Existem diferentes tipos de câncer de mama e o tipo de câncer depende de qual tipo celular sofreu transformação maligna. Uma mama é composta por três partes principais: lóbulos, ductos e tecido conjuntivo. Os lóbulos são as glândulas que produzem leite. Os dutos são tubos que levam o leite ao mamilo e o tecido conjuntivo (que consiste em tecido fibroso e adiposo) envolve e mantém tudo unido. A maioria dos cânceres de mama começa nos ductos ou lóbulos.

No Brasil é a principal causa de câncer nas mulheres, depois do câncer de pele não melanoma. Devido sua elevada incidência, o rastreamento dessa doença e o diagnóstico precoce são fundamentais na redução da morbimortalidade das mulheres brasileiras. Leia a seguir o que o ministério da Saúde (MS) do Brasil fala sobre o rastreamento e o diagnóstico precoce.

“As  estratégias  de  detecção  precoce  de  câncer  visam  ao  diagnóstico  de  casos  de  câncer  em  fase  inicial  de  sua  história  natural,  podendo  ter  como  resultado  melhor  prognóstico  e  menor  morbidade associada  ao tratamento.  No caso do câncer de mama,  a detecção precoce consiste  em ações  de diagnóstico  precoce  e  rastreamento.  Conceitualmente,  diagnóstico  precoce  é  a  identificação,  o  mais precocemente  possível,  do câncer  de mama  em  indivíduos sintomáticos,  enquanto  rastreamento  é  a identificação  do  câncer  de  mama  em  indivíduos  assintomáticos.”

E como o ministério da saúde recomenda fazer o rastreamento?

Pacientes em população de risco padrão:

1. Rastreamento com mamografia

  • Idade menor que 50 anos: O Ministério da Saúde recomenda  contra  o rastreamento com mamografia em mulheres com menos de 50 anos (recomendação contrária forte: os possíveis danos claramente superam os possíveis benefícios).

  • Idade entre 50 e 69 anos de idade: O Ministério da Saúde recomenda o  rastreamento com mamografia em mulheres com idades entre 50 e 59 anos.

  • Idades maiores ou iguais a 70 anos: O Ministério da Saúde recomenda  contra  o rastreamento com mamografia em mulheres nessa faixa etária, tendo uma recomendação forte naquelas acima de 75 anos de idade.

E qual a periodicidade da realização da mamografia?

O Ministério da Saúde recomenda que a  periodicidade do rastreamento com mamografia, nas faixas etárias recomendadas, seja bienal  (recomendação favorável forte: os possíveis benefícios provavelmente superam os possíveis danos quando comparada às periodicidades menores).

Resumindo: o rastreamento utilizando a mamografia é recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos.

2. Rastreamento com autoexame das mamas

Embora tenha sido altamente difundido no passado, a recomendação atual do MS do Brasil é contra o autoexame das mamas (AEM). O Ministério  da Saúde  recomenda  contra  o  ensino  do AEM como  método  de rastreamento  do câncer de mama  (recomendação  contrária  fraca:  os  possíveis  danos  provavelmente  superam  os  possíveis benefícios).

Em relação ao AEM o INCA se posicionou da seguinte forma: grandes estudos sobre o tema (realização do autoexame das mamas como rastreio) demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. Entretanto, a postura atenta das mulheres no conhecimento do seu corpo e no reconhecimento de alterações suspeitas para procura de um serviço de saúde o mais cedo possível – estratégia de conscientização – permanece sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais de suas mamas, em situações do cotidiano, sem periodicidade e técnica padronizadas como acontecia com o método de autoexame.

3. Rastreamento com exame clínico das mamas (ECM)

Segundo o MS o ECM  é usado  como  método  tanto de diagnóstico  quanto  de rastreamento.  Como  método  diagnóstico, realizado por médico para diagnóstico  diferencial de lesões  palpáveis da mama,  é um complemento essencial  na  investigação  diagnóstica  de  doenças  mamárias  e  o  primeiro método  de  avaliação  diagnóstica  na  atenção  primária.  Como  rastreamento,  é  entendido como  um  exame  de rotina  feito  por profissional  de  saúde  treinado  –  geralmente  enfermeiro  ou  médico  –  realizado  em  mulheres  saudáveis,  sem  sinais  e sintomas  suspeitos  de câncer de mama.  Ao contrário de seu  papel consagrado  como método  diagnóstico,  o  rastreamento  por meio  do  ECM  é  alvo  de  grande  controvérsia  na  literatura científica.

No que diz respeito ao ECM o MS não chegou a uma resposta final no que diz respeito de recomendar ou não exame clínico das mamas. Sendo assim, em sua diretriz ele diz que há uma “ausência de recomendação:  o balanço entre possíveis danos e benefícios é incerto”. Ou seja, não há uma recomendação formal entre fazer ou não o ECM como método de rastreio pelo MS.

4. Rastreamento com ressonância nuclear magnética

O Ministério da Saúde recomenda  contra  o rastreamento do câncer de mama com RNM em mulheres com risco padrão de desenvolvimento desse câncer, seja isoladamente, seja como complemento à mamografia (recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios).

5.  Rastreamento com ultrassonografia mamária

O MS diz que ao lado da mamografia a ultrassonografia (USG) mamária bilateral é o  mais  importante  método  de  imagem  na  investigação diagnóstica  de  alterações  mamárias  suspeitas,  e  os  dois métodos  são  vistos  como  complementares  na abordagem  de  diferentes  situações  clínicas. A USG possui duas grandes vantagens em relação a mamografia: i) a  ausência  do  uso  de  radiação ionizante  e  ii) o  fato  de sua  acuidade diagnóstica  não  depender  da densidade  mamária.

Mas apesar de seus benefícios, o Ministério da Saúde recomenda  contra  o  rastreamento  do  câncer  de  mama  com  ultrassonografia das  mamas,  seja  isoladamente,  seja  em  conjunto  com  a  mamografia  (recomendação  contrária  forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios).

6. Rastreamento com termografia

A  termografia  clínica  da  mama  é  um  exame  de  imagem  que  registra  a  variação  da  temperatura  cutânea.  Por se tratar de um procedimento não  invasivo,  não expõe a pessoa  à radiação, nem  requer a compressão do tecido da mama. No entanto, o MS não recomenda o uso deste exame no rastreio do Ca de mama.

7. Rastreamento com tomossíntese mamária

Em 2012 Belfer definiu a  tomossíntese  mamária, que também  é denominada  de mamografia  tridimensional  ou  mamografia  tomográfica,  representa  um  avanço  nas  técnicas  de  imagens  mamárias  a  partir  da  introdução  da  tecnologia digital  no  campo  da  mamografia  e  do  desenvolvimento  de  sofisticadas  técnicas  de  computação  que permitem uma avaliação tridimensional da mama. No entanto, apesar do avanço tecnológico, o MS também se posiciona contra o uso do método como modalidade de rastreio,   seja  isoladamente,  seja  em  conjunto  com  a  mamografia.

As pacientes que possuem alto risco para câncer de mama devem realizar a mamografia anualmente, a partir de 35 anos de idade.

As recomendações acima foram sumarizadas a partir das “Diretrizes  para a  Detecção  Precoce  do  Câncer de Mama no  Brasil” e visam otimizar o rastreamento do câncer de mama na população feminina de nosso país para que haja uma redução na morbimortalidade relacionada a essa doença.

Artigos relacionados

Controle de peso e atividade física para prevenção e controle do câncer de mama

Vamos conversar sobre câncer de mama?

INCA disponibiliza infográfico sobre câncer de mama


Quer escrever? Publique seu artigo na Academia Médica. Clique no botão "NOVO POST" no alto da página!


Referências

‌Facina, T. (2016). Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil. Revista Brasileira de Cancerologia, 62(1), 59-60.

Confira as recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer de mama [Internet]. INCA - Instituto Nacional de Câncer. 2019 [cited 2021 Oct 25]. Available from: https://www.inca.gov.br/noticias/confira-recomendacoes-do-ministerio-da-saude-para-o-rastreamento-do-cancer-de-mama ‌

Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil Sumário Executivo. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/livro_deteccao_precoce_final.pdf%20e%20http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2015/Relatorio_DDT_CancerMama_final.pdf.

CDCBreastCancer. What Is Breast Cancer? [Internet]. Centers for Disease Control and Prevention. 2021 [cited 2021 Oct 25]. Available from: https://www.cdc.gov/cancer/breast/basic_info/what-is-breast-cancer.htm ‌

Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral


Denunciar publicação
    000

    Indicados para você