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Controle de peso e atividade física para prevenção e controle do câncer de mama

Controle de peso e atividade física para prevenção e controle do câncer de mama
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out. 7 - 8 min de leitura
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Quando se pensa em Outubro Rosa se pensa diretamente em campanhas para o diagnóstico precoce com o autoexame e o exame de mamografia. No entanto, é igualmente válido se abordar o impacto que os hábitos de vida têm na prevenção e prognóstico do câncer de mama. Desta forma, trouxemos hoje um artigo de revisão publicado pela American Society of Clinical Oncology (ASCO) no ASCO Educational Book de 2019 sobre a importância do manejo da composição corporal e da prática de exercícios físicos no combate a esta doença.

Evidências crescentes sugerem um papel crucial do controle de peso e aumento da atividade física na prevenção e controle do câncer de mama. Numerosos estudos observacionais demonstram que mulheres obesas na pós-menopausa estão em maior risco de desenvolver câncer de mama, e a obesidade está ligada ao aumento do risco de recorrência do câncer de mama e mortalidade de mulheres na pré e pós-menopausa. Da mesma forma, evidências observacionais sugerem que o sedentarismo, independente de sua contribuição para o excesso de adiposidade, é um fator de risco para a incidência de câncer de mama e mortalidade. Apesar das fortes evidências
ligando obesidade e sedentarismo ao risco de câncer de mama, pouco se sabe sobre o impacto da perda de peso ou intervenções de atividade física na redução do risco de câncer de mama ou na melhoria dos resultados em pacientes diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial e potencialmente curável. Além disso, apesar das evidências que associam um estilo de vida saudável com a diminuição do risco de câncer de mama e melhora nos resultados do tratamento, obesidade e sedentarismo são prevalentes, tanto em mulheres em risco de desenvolver câncer de mama e em sobreviventes do câncer. Tendo isso em vista, estratégias são necessárias para disseminar a importância do gerenciamento de peso e atividade física para essas populações para otimizar os resultados do tratamento do câncer de mama.

Sabe-se que o sobrepeso ou obesidade estão associados a um risco 1,5 a 2 vezes maior de câncer de mama na pós-menopausa, respectivamente. Se a doença for tipo receptor de estrogênio positivo (ER +) e de progesterona positivo (PR +), especificamente, os riscos de doença avançada e morte são mais elevados entre mulheres na pós-menopausa com excesso de gordura corporal. Estima-se que a cada 5 kg de ganho de peso acima do menor peso adulto ocorre um aumento de 4% a 8% no risco de câncer de mama na pós-menopausa. Por outro lado, a perda de peso tem sido associada a uma redução no risco de câncer de mama em estudos longitudinais e caso-controle. Tendo isso em vista, o momento da perda de peso no ciclo de vida pode ser importante. Em um estudo citado pelos autores, por exemplo, observou-se que a perda de peso entre mulheres cujo maior peso foi atingido após os 45 anos não teve impactos sobre o risco de câncer de mama, mas, quando o peso máximo foi atingido antes dos 45 anos e ocorreu perda de peso, o risco para câncer de mama foi reduzido.

A inflamação crônica de baixo grau e a disfunção metabólica são considerados biomarcadores intermediários que ligam a obesidade ao câncer de mama na pós-menopausa. De fato, a síndrome metabólica e o ​​diabetes tipo 2, acompanhados de obesidade, são fatores de risco notáveis ​​para câncer de mama na pós-menopausa. Ademais, o diabetes tipo 2 isoladamente está associado ao aumento do risco de câncer de mama, independentemente do valor de IMC. Portanto, tanto a adiposidade quanto a disfunção metabólica, que podem ser favoravelmente alterados pela dieta e atividade física, com ou sem mudança de peso, são alvos relevantes para a redução do risco de câncer de mama.

A atividade física é sabidamente um componente importante do controle de peso. Níveis de atividade física aumentados também foram associados a
um risco reduzido de câncer de mama. Pesquisadores têm debatido se a redução do risco de câncer de mama com a atividade física é atribuível, em parte, ao seus efeitos sobre o peso e a composição corporal. Alguns têm
demonstrado que a relação entre a atividade física e o câncer de mama é independente do IMC, status de Receptor de Estrogênio, peso ganho e terapia de reposição hormonal. Há também a sugestão de que
atividade vigorosa pode ser necessária para redução de risco,
enquanto alguns estudos mostraram reduções de risco com caminhadas
e atividades domésticas tanto na pré quanto pós-menopausa. O mais impressionante é que a atividade física está associada à diminuição do risco de câncer de mama, independentemente da presença do tabagismo e está associado de forma significativa ao início tardio do câncer de mama entre as portadoras de mutações no gene BRCA.

Embora a dose exata e o tipo de atividade necessária para reduzir o risco de câncer de mama ainda não tenha sido determinado, é consenso que a atividade física está associada a um risco reduzido de câncer de mama. Mecanismos de ação propostos para redução da atividade física no risco de câncer de mama incluem reduções favoráveis ​​de estrogênio disponível, inflamação e disfunção metabólica, além de uma melhor composição corporal. Mais pesquisas são necessárias, segundo os autores, para entender completamente os mecanismos pelos quais atividade física pode reduzir o risco de câncer de mama. No entanto, implementar um estilo de vida fisicamente ativo tem poucas desvantagens, com muito a ganhar. A maioria dos adultos dos EUA não cumpre os níveis recomendados de atividade física. Portanto, aumentar a atividade deve ser considerada uma estratégia importante para a redução do risco de câncer de mama, independentemente do status de peso e outros fatores de estilo de vida. 

Com base nas evidências apresentadas acima, o American Cancer Society desenvolveu diretrizes para nutrição e atividade física para sobreviventes de câncer. No mínimo, segundo a entidade, as práticas de oncologia devem fornecer informações baseadas em evidências para sobreviventes de câncer de mama sobre aspectos de atividade física, nutrição e controle de peso, pois muitas sobreviventes têm perguntas sobre se a prática de atividades físicas é apropriada para elas. Além disso, as pacientes muitas vezes estão
preocupadas com a perda de peso após o diagnóstico, mas observa-se que o ganho de peso após o tratamento é comum, e elas devem tomar medidas de hábitos de vida para evitar o ganho de peso excessivo. Ademais, a publicação traz a referência do American Cancer Society Guidelines on Nutrition and Physical Activity for Cancer Survivors, que inclui indicação para a restrição calórica e do consumo de bebidas açucaradas e aumento da atividade física quando a paciente está acima do peso adequado; utilizar como alvo um mínimo de 150 minutos de atividade física moderada por semana e a inclusão de exercício físico de resistência pelo menos 2 vezes na semana; restrição do consumo de bebidas alcóolicas; limitar o consumo de carne e carne vermelha; consumir altas quantidades de frutas e vegetais frescos e também comer grãos integrais em detrimento de alimentos processados.

Referências:

Ligibel JA, Basen-Engquist K, Bea JW. Weight Management and Physical Activity for Breast Cancer Prevention and Control. Am Soc Clin Oncol Educ Book. 2019 Jan;39:e22-e33. doi: 10.1200/EDBK_237423. Epub 2019 May 17. PMID: 31099634.

 

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