O congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) - que ocorreu do dia 26 ao dia 29 de agosto, em Barcelona - trouxe muitas novidades no tratamento e diagnóstico de doenças cardiovasculares. Entre elas, destaca-se a publicação de um estudo que observou queda na mortalidade e risco de eventos cardiovasculares em pacientes com insuficiência cardíaca pelo uso do inibidor de SGLT2 Dapagliflozina, independentemente da fração de ejeção.
O estudo foi uma metanálise pré-especificada em nível de paciente, que se baseou nos dados dos estudos DAPA-HF e DELIVER da dapagliflozina em pacientes com insuficiência cardíaca. O DAPA-HF analisou pacientes com fração de ejeção (FE) reduzida (40% ou menos) e o DELIVER utilizou dados de indivíduos com fração de ejeção levemente reduzida e preservada (acima de 40%). Ambos os estudos alocaram aleatoriamente os participantes entre o uso de dapagliflozina 10 mg uma vez ao dia ou placebo.
O artigo teve como primeiro objetivo analisar o efeito do fármaco em vários desfechos secundários, fato que cada estudo sozinho não tinha poder para examinar. O segundo objetivo foi avaliar se a dapagliflozina é eficaz independentemente do valor de fração de ejeção, uma vez que um estudo anterior, o EMPEROR-Preserved, sugeriu que o efeito benéfico da empagliflozina, outro inibidor de SGLT2, pode ser atenuado em pacientes com fração de ejeção maior.
Nesta pesquisa, 11.007 pacientes foram randomizados para dapagliflozina ou placebo. A análise de sobrevivência foi usada para examinar o efeito da dapagliflozina no total de internações por insuficiência cardíaca, morte por causas cardiovasculares, morte por todas as causas e o composto de morte por causas cardiovasculares, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral (eventos cardiovasculares adversos maiores, MACE).
A média de idade dos participantes foi de 69 anos e 65% eram do sexo masculino. A mediana de seguimento foi de 1,8 anos. Os autores observaram que a dapagliflozina reduziu o risco de morte por causas cardiovasculares em 14%, morte por qualquer causa em 10%, total de internações hospitalares por insuficiência cardíaca em 29% e MACE em 11%. Eles não identificaram qualquer evidência de que o efeito da medicação tenha sido distinto de acordo com a faixa de fração de ejeção para qualquer um dos desfechos.
Desta forma, segundo conclusão dos pesquisadores, a dapagliflozina se qualifica como um potencial fármaco no tratamento da insuficiência cardíaca em qualquer valor de fração de ejeção.
Referência:
Jhund, P.S., Kondo, T., Butt, J.H. et al. Dapagliflozin across the range of ejection fraction in patients with heart failure: a patient-level, pooled meta-analysis of DAPA-HF and DELIVER. Nat Med (2022). https://doi.org/10.1038/s41591-022-01971-4 Disponível em https://www.nature.com/articles/s41591-022-01971-4
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