O consumo de álcool pelos adultos afeta a percepção das
crianças sobre a utilização do produto, influenciando no início da
experimentação de bebidas alcoólicas e na ingestão das mesmas ao longo do
tempo. A constatação é fruto do estudo Alcoholism:
Clinical and Experimental Research, que foi realizado na Holanda e contou com a
participação de 329 crianças de 4 a 8 anos de idade e seus pais.
Em três visitas domiciliares realizadas em 2015, 2016 e
2017, as crianças foram convidadas a desenvolver tarefas em tablets relacionando
situações familiares onde o álcool pode ser consumido ao uso de doze bebidas
diferentes, sendo quatro alcoólicas e oito não alcoólicas. Por sua vez, os pais
preencheram formulários sobre uso recente de álcool, especificando a frequência
com que bebiam álcool nas situações apresentadas às crianças.
Segundo a pesquisa, os pais foram mais propensos do que as
mães a relatar o consumo de álcool na presença dos filhos. Por sua vez, nas
tarefas desenvolvidas, as crianças atribuíram com mais frequência o álcool aos
homens do que às mulheres. As crianças mais frequentemente expostas à bebida
dos pais eram mais propensas a fornecer bebidas alcoólicas aos adultos nas
atividades propostas através dos tablets.
Nos caos em que as mães consumiam álcool perto dos filhos,
as crianças atribuíam mais frequentemente o consumo de álcool às mulheres em
geral, incluindo amigas, tias e avós. Quando os pais consumiam álcool perto dos
filhos, as crianças eram mais inclinadas a atribuir o consumo de álcool
especificamente aos pais e não aos homens de forma geral.
O estudo sugere que os pais operam como modelo no consumo de
álcool pelos filhos e que a exposição específica de gênero na infância pode influenciar
identidades, normas e padrões de consumo de gênero na vida adulta.
Referência
Megan Cook et al, Effects of exposure to mother's and father's alcohol use on young children's normative perceptions of alcohol, Alcoholism: Clinical and Experimental Research (2022).
Leia também