A bactéria S. pyogenes é responsável por mais de 500.000 mortes a cada ano e ainda não há vacina contra esse patógeno.
Nesse texto você verá:
- As doenças que o S pyogenes causa;
- As descobertas sobre a resposta imune contra essa bactéria.
A bactéria Streptococcus pyogenes é restrita ao ser humano e está relacionada a doenças leves e graves, como faringite aguda, escarlatina, celulite, fasciíte necrosante, síndrome do choque tóxico e glomerulonefrite pós-infecciosa, febre reumática aguda e suas consequências como cardiopatia reumática. Devido às síndromes graves, o patógeno é responsável por mais de 500.000 mortes a cada ano. Visto isso, é importante conhecer como a resposta imune humana contra a bactéria acontece, para haver o desenvolvimento de vacinas.
Com essa finalidade, cientistas australianos realizaram o perfil imunológico da resposta imune humana inicial em 25 adultos saudáveis, submetidos a S. pyogenes, sendo que 19 deles desenvolveram posteriormente faringite sintomática aguda. Antes de submeter os pacientes ao tratamento contra a bactéria com antibióticos, os cientistas analisaram a resposta imune aguda de cada um. O estudo foi publicado na Nature.
Os pesquisadores encontraram uma alta resposta imune inflamatória mediada por monócitos, células dendríticas e ativação precoce de células T não convencionais na fase aguda da resposta. A ativação de monócitos para induzir respostas pró-inflamatórias ocorre após a ligação de TLR2 à proteína Estreptocócica Inibidora do Complemento, secretada por S. pyogenes, o que pode explicar a elevada frequência intermediária de monócitos. IL-8 e IL-17A facilitam o recrutamento de neutrófilos, portanto, sua redução encontrada em outros estudos sugere inibição do recrutamento de neutrófilos durante a faringite aguda.
Além disso, o S. pyogenes emprega muitas estratégias para inibir o recrutamento de neutrófilos, uma das quais é através da expressão de SpyCEP, uma protease projetada para clivar IL-8. Em contraste, a IL-4 demonstrou inibir o influxo de neutrófilos, e o equilíbrio entre essas citocinas pode ser importante na regulação da atividade de neutrófilos durante a infecção por S. pyogenes.
Por fim, estudos também sugerem que a migração de células T CD4+ e a ativação de células T não convencionais podem servir como um marcador precoce da imunidade a S. pyogenes em humanos. Apesar de serem achados imunológicos importantes, a amostra do estudo foi pequena. E assim, o aumento do número de participantes pode fortalecer os resultados do estudo e fornecer uma maior compreensão da patogênese da doença e imunidade protetora contra S. pyogenes.
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Referência
Anderson, J., Imran, S., Frost, H.R. et al. Immune signature of acute pharyngitis in a Streptococcus pyogenes human challenge trial. Nat Commun 13, 769 (2022). Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41467-022-28335-3. Acesso em 28/03/2022