A pesquisa “Percepções e prioridades do câncer nas favelas brasileiras” realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o DataFavela e o Instituto Oncoguia mostrou as dificuldades que os moradores de favelas enfrentam para o diagnóstico e tratamento do câncer no Brasil. O levantamento contou com 2.963 pessoas ouvidas, a maioria de raça negra, classes D e E, de todas as regiões do país, e indicou que 82% dos entrevistados dependem exclusivamente do SUS.
As principais dificuldades apontadas foram a demora para agendamento de exames (82%) e a dificuldade de acesso a instituições de saúde (69%). Além disso, 70% dos entrevistados disseram que tentam cuidar da saúde, mas não encontram médicos nos postos de saúde e os exames demoram muito tempo para serem realizados.
Outro dado preocupante é que 41% dos entrevistados responderam que não costumam fazer exames ou só os realizam quando estão doentes. Esse índice cai para 34% entre as pessoas com 46 anos ou mais.
A pesquisa também identificou mitos envolvendo o câncer entre os moradores de favela, como a crença de que o tabaco causa apenas câncer de pulmão e que alimentos cozidos no micro-ondas provocam câncer. Além disso, 11% dos entrevistados não sabem dizer se o câncer é contagioso e 19% acham que é um “castigo divino”.
A desigualdade no acesso à saúde no Brasil é evidente, e os resultados dessa pesquisa confirmam isso. A falta de transparência nas informações para a população é outro problema, que precisa ser enfrentado. É preciso lembrar que a educação é fundamental para a prevenção, mas sem o diagnóstico precoce, ela não resolve.
Os obstáculos para o diagnóstico precoce do câncer nas favelas brasileiras são a dificuldade para marcar exames na rede pública e a desinformação. Para mudar essa realidade, é necessário um esforço conjunto de governo, sociedade e profissionais de saúde para promover ações que garantam o acesso à saúde e a educação para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer em todas as regiões do país.
É preciso fazer mais para garantir que todos os brasileiros tenham acesso ao cuidado e tratamento necessários para vencer essa doença tão devastadora.
Leia também:
- Como consumismo, escassez, desigualdade e falta de saneamento básico impactam a saúde?
- Pesquisadores mostram ligação entre pobreza infantil e desenvolvimento de transtornos mentais na fase adulta
- Precisamos educar e estudar a relação entre racismo e sequelas negativas da saúde, diz estudo
- Como a etnia e desigualdades sociais afetam o cuidado do paciente
Fonte:
Referências:
Agência Brasil. (2023, 9 de maio). Detecção de câncer no SUS é desafio para 70% de moradores de favela. Agência Brasil. https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-05/deteccao-de-cancer-no-sus-e-desafio-para-70-de-moradores-de-favela