No dia 20 de outubro é comemorado o Dia Mundial e Nacional da Osteoporose. Esta doença é uma patologia sistêmica, progressiva e subdiagnosticada, caracterizada pela diminuição de massa óssea, resultando em ossos mais frágeis e, de acordo com a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), no Brasil, as fraturas osteoporóticas causam cerca de 200 mil mortes por ano. Ademais, a osteoporose pode desencadear dores crônicas e dificuldade de locomoção, podendo comprometer a independência da pessoa gerando, com isso, queda na qualidade de vida.
Segundo a International Osteoporosis Foundation, uma a cada três mulheres e um em cada cinco homens a partir dos 50 anos poderão vir a sofrer de algum tipo de fratura óssea decorrente da osteoporose. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, existem quatro principais tipos de osteoporose: pós–menopausa, senil (mais frequente em pessoas acima de 70 anos) e secundária, que pode ser decorrente de outras doenças, como doença renal crônica ou de medicamentos, como corticoides.
Em termos epidemiológicos, a população idosa é a mais atingida pela osteoporose, principalmente as mulheres na pós-menopausa devido a diminuição das taxas estrogênicas. De acordo com o Manual Brasileiro de Osteoporose: Orientações Práticas para os Profissionais de Saúde, apontam que para mulheres acima de 45 anos de idade, a osteoporose ocasiona internação prolongada, superando outras doenças crônicas tais como: diabetes, infarto do miocárdio e câncer de mama.
Ainda segundo este documento, estima-se que, no Brasil, a osteoporose seja responsável por um custo anual de R$1,2 bilhão. Esse valor se subdivide em: R$ 733,5 milhões são os custos com a perda de produtividade do paciente acometido pela doença, R$ 234 milhões com custos hospitalares, R$162,6 milhões com custos cirúrgicos e R$ 31,9 milhões com tratamentos medicamentosos para a osteoporose.
Em certos casos, as dificuldades estabelecidas e as mudanças cotidianas dos pacientes com osteoporose podem levar ao quadro de depressão, tendo em vista que a osteoporose repercute sobre questões biopsicossociais. Por isso, pode-se dizer que além do aspecto físico, a doença compromete o cotidiano dos indivíduos, interferindo em sua autonomia.
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10) apresenta os seguintes códigos relativos à osteoporose e a fratura: M80.0-M82.1 e M82.8. O critério padronizado para definir e diagnosticar osteoporose de acordo com o CID-10 é a constatação de uma diminuição da DMO (escore T ≤ -2,5) na coluna lombar, colo femoral ou quadril total, realizada por aparelho de densitometria óssea duo energética (DXA), que se correlaciona de forma inversamente proporcional ao risco de fratura, da seguinte forma: à medida que o escore T diminui, o risco relativo de fraturas aumenta. Este princípio torna o escore T um meio eficaz de identificar os indivíduos com maior risco de fratura e oferece um ponto de corte que permite o diagnóstico de osteoporose.
Existem, no entanto, outras maneiras de identificar indivíduos com alto risco de fratura. Em 2014, a National Bone Health Alliance formou um grupo de trabalho que buscou determinar uma expansão adequada dos critérios pelos quais a osteoporose pode ser diagnosticada. Dessa forma, a recomendação atual mais abrangente é considerar que mulheres na pós-menopausa e homens acima de 50 anos sejam diagnosticados com osteoporose se tiverem um risco elevado para fraturas. Esses critérios incluem ter um escore T ≤ -2,5 na coluna vertebral ou quadril como um método de diagnóstico, mas também permitem um diagnóstico para indivíduos nessa população que experimentaram fratura de quadril com ou sem a medição da DMO e para aqueles que têm osteopenia verificada por meio da DMO e que apresentam uma fratura vertebral, de úmero proximal, pélvica ou, em alguns casos, fratura distal do antebraço.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando a cada ano. Dada esta situação, o número de fraturas relacionadas à osteoporose tende a aumentar. Além disso, destaca-se que as taxas de morbimortalidade são elevadas e o desenvolvimento da doença ocorre geralmente de forma silenciosa por muitos anos e isso gera o diagnóstico tardio, que em inúmeros casos ocorre somente quando a fratura acontece.
A boa notícia é que a osteoporose pode ser prevenida e controlada. Existem alguns hábitos que auxiliam na prevenção à osteoporose e que podem - e devem - ser recomendados por médicos de qualquer especialidade. A ingestão correta de cálcio, proteínas e vitamina D, exercícios físicos (cuja itensidade e modalidade podem variar de acordo com o caso do paciente), evitar consumir bebidas alcoólicas e fumar e realizar exames regularmente, são alguns exemplos.
Segundo a ABRASSO (Associação Brasileira de Saúde Óssea e Osteometabolismo), o consumo diário recomendado de cálcio é de 1.200mg para pessoas acima de 51 anos. Além disso, é importante prestar atenção à vitamina D, responsável por ajudar o organismo a absorver o cálcio. Ela é obtida, principalmente, por meio da exposição ao sol ou por suplementação. Apenas de 10 a 15 minutos de exposição solar por dia são suficientes para atender nossas necessidades, mas alguns pacientes podem necessitar suplementação.
A presença de histórico familiar de osteoporose também requer atenção, já que a genética possui forte influência sobre o desenvolvimento de massa óssea e suscetibilidade a fraturas. O uso de medicamentos (principalmente glicocorticoides) e o aparecimento de fraturas são outros fatores de risco da doença.
Confira abaixo o vídeo comemorativo da ABRASSO:
Referências:
Manual brasileiro de osteoporose : orientações práticas para os profissionais de saúde / organização Adriana Orcesi Pedro , Perola Grinberg Plapler , Vera Lúcia Szejnfeld. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora Clannad, 2021. Disponível em
IOF Compendium of Osteoporosis. C Cooper; S Ferrar. 2019. Diponível em
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