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Urologia: Litíase urinária: a formação de pedras no sistema urinário

Urologia: Litíase urinária: a formação de pedras no sistema urinário
Dra. Franscine Carvalho
jun. 8 - 4 min de leitura
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Os cálculos urinários acompanham a humanidade há muitos séculos. As primeiras referências escritas sobre a doença e as suas formas de tratamento situam-se entre 3200 e 1200 AC.

As pedras podem se formar em qualquer porção coletora do sistema urinário - rins, ureteres, bexiga, uretra.

Geralmente ocorrem por desbalanço entre fatores protetores e fatores facilitadores à litogênese.

Um dos principais fatores de risco para a formação de cálculos é o baixo consumo hídrico. Gosto sempre de explicar utilizando a "teoria do rio": imagine dois rios - um deles com baixa correnteza, com as pedras se juntando ao fundo, e outro com uma correnteza forte que não permite que as pedras se juntem ao fundo. O sistema urinário é assim: quanto mais água consumida, maior será a produção de urina e maior será a correnteza. Dessa forma, os cristais que estão presentes normalmente na urina, possuem mais dificuldade de se agregar. Em qualquer lugar do sistema urinário que urina fique parada, há chance maior de formação de cálculos.

Existem também outros fatores de risco para a formação de cálculos. São eles: 

  •  consumo elevado de alimentos ricos em sódio
  •  baixo consumo de leite e derivados
  •  elevado consumo de proteína animal
  •  consumo excessivo de vitamina C e D
  •  doenças metabólicas como hiperparatiteoidismo, obesidade e diabetes
  •  hereditariedade (história familiar, história pessoal)
  •  sexo (homens sendo mais propensos)

Os cálculos renais possuem um grande espectro clínico, sendo  apresentação desde assintomáticos (diagnosticados em exames de imagem de rotina) até produtores de uma dor dita como a "pior que existe", a cólica renal.

Tradicionalmente, os cálculos renais que não estão obstruindo o sistema coletor (ou seja, aqueles de pelve e cálices renais, ainda mais quando pequenos - inferiores a 1 cm) não costumam produzir sintomas álgicos. Podem eventualmente produzir desconfortos por obstrução temporária e sangramento microscópico.

Quando algum cálculo renal migra para o ureter, ele causa obstrução (parcial ou total) da urina. Isso desencadeia uma retenção da urina produzida a montante e consequente distensão da cápsula renal. Essa é a causa da famosa dor da cólica renal, uma dor lombar intensa, sem posição de alívio, contínua, comumente acompanhada de náuseas, vômitos, sudorese e palidez. Além disso a litíase ureteral pode também produzir hematúria, que é o sangramento na urina, seja ela microscópica ou macroscópica. Quando na porção terminal do ureter pode causar sintomas como disúria, aumento de frequência miccional, urgência e dor irradiada para vulva e bolsa escrotal.

Cálculos na bexiga usualmente estão associados a fatores que dificultam o esvaziamento vesical - hiperplasia prostática benigna, bexiga neurogênica, estenoses de uretra, grandes prolapsos genitais. Os sintomas costumam ser mais irritativos, muitas vezes mimetizam os sintomas de cistite - dor suprapúbica, necessidade frequente de urinar, urgência, incontinência de urgência, dor para urinar, noctúria e sangramento na urina.

A presença de cálculos urinários é fator de risco para infecção do trato urinário, pois  as pedras favorecem a colonização por bactérias. Por esse motivo, as infecções urinárias associadas a litíase, são ditas como complicadas.

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No próximo post vamos conversar um pouco sobre opções de tratamentos disponíveis para cálculos urinários.

Este artigo faz parte de uma série escrita especialmente para a Academia Médica. Você encontra o primeiro texto aqui e o segundo aqui 

Dra. Franscine Carvalho é Médica Urologista, preceptora e do Serviço de Urologia HSL PUCRS, coordenadora do ambulatório de disfunções miccionais e urologia feminina HSL-PUCRS. Defende uma urologia descomplicada e sem tabus com foco na atenção plena e individualizada. 

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