Nosso cérebro pode mudar e se adaptar em estrutura e função ao longo da vida. Assim como a passagem do tempo, é possível alterar forma e função do órgão com um voo espacial (1). Dessa maneira, é muito importante entender como o cérebro se altera quando submetido a uma viagem ao espaço.
Um novo estudo publicado na Frontiers in Neural Circuits(1) é o primeiro a analisar as mudanças estruturais de conectividade que acontecem no cérebro após voos espaciais de longa duração. Os resultados mostram alterações microestruturais significativas em vários tratos da substância branca, como os tratos sensório-motores.
O estudo contou com 12 cosmonautas que passaram pela tratografia de fibra - técnica de imagem cerebral - antes e depois dos 172 dias a bordo do foguete. Os viajantes foram acompanhados até 7 meses após a jornada espacial(1).
Como resultado, os cientistas encontraram mudanças nas conexões neurais entre várias áreas motoras do cérebro. Na ausência de peso e gravidade, um astronauta precisa adaptar suas estratégias de movimento drasticamente, em comparação com a Terra. Assim, o cérebro desses astronautas mostraram o alto nível de neuroplasticidade que o cérebro tem para se adaptar às nossas condições(1).
Por fim, os pesquisadores encontraram mudanças anatômicas cerebrais que foram causadas pela dilatação dos ventrículos, o que induziu mudanças anatômicas no tecido neural adjacente(1), como no corpo caloso.
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Referência
1.Frontiers. Brains of cosmonauts get 'rewired' to adapt to long-term space missions, study finds. Fev 2022. Disponível em
https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fncir.2022.815838/full