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O uso paterno de álcool pode influenciar a morfologia e eficácia da placenta da prole

O uso paterno de álcool pode influenciar a morfologia e eficácia da placenta da prole
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fev. 15 - 3 min de leitura
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As consultas pré-natais tradicionalmente se concentram quase exclusivamente no comportamento das mães, mas um novo estudo feito por pesquisadores do Texas A&M College of Veterinary Medicine & Biomedical Sciences (CVMBS) sugere que a ciência também deve observar mais de perto o comportamento dos pais.

Em publicação no FASEB Journal, a equipe sugere que o fator epigenético da exposição pré-natal ao álcool em homens pode se manifestar na placenta. Os dados obtidos no estudo mostram que em camundongos filhos de pais expostos ao álcool têm modificações placentárias, incluindo aumento da restrição do crescimento fetal, placentas aumentadas e diminuição da eficácia placentária.

"A placenta fornece nutrientes para o feto em crescimento, então a restrição do crescimento fetal pode ser atribuída a uma placenta menos eficiente. É por isso que a eficiência placentária é uma métrica tão importante; ela nos diz quantos gramas de feto são produzidos por grama de placenta. Com a exposição paterna ao álcool, as placentas crescem demais enquanto tentam compensar sua ineficiência na entrega de nutrientes ao feto”.

Embora esses aumentos tenham ocorrido com frequência na prole masculina, a frequência variou de acordo com a mãe. No entanto, os mesmos aumentos foram muito menos frequentes na prole feminina. Isso sugere que, embora essa informação seja passada do pai, a genética da mãe e o sexo da prole também desempenham um papel.

Utilizando modelos de ratos geneticamente alterados, os pesquisadores observaram que, de forma específica, a prole feminina de progenitores machos expostos ao álcool apresentou mudanças estruturais nas zonas juncional e labiríntica, juntamente com aumento do conteúdo de glicogênio placentário. Essas mudanças na organização placentária são acompanhadas por alterações específicas na expressão de genes da fêmea. Embora as placentas de fetos masculinos não apresentem alterações evidentes na histologia, usando sequenciamento de RNA, os autores do estudo identificaram alterações programadas em genes que regulam a fosforilação oxidativa, função mitocondrial e sinalização da Sirtuína. 

Coletivamente, os dados revelam, segundo os pesquisadores, que a exposição paterna pré-concepção ao álcool transmite um estressor para a prole em desenvolvimento, que machos e fêmeas exibem padrões distintos de adaptação placentária e que a herança genética materna pode modular os efeitos da exposição paterna ao álcool. Esses resultados não traçam uma linha clara de como o consumo humano masculino antes da concepção afeta o desenvolvimento fetal, mas continuam a pelo menos apontar que é uma questão que precisa ser explorada.

Os autores esperam que em breve os médicos e a sociedade em geral comecem a fazer mais perguntas sobre o comportamento pré-natal masculino para que haja mais dados para trabalhar.

 

Artigos relacionados:

Referências:

Thomas KN, Zimmel KN, Roach AN, Basel A, Mehta NA, Bedi YS, Golding MC. Maternal background alters the penetrance of growth phenotypes and sex-specific placental adaptation of offspring sired by alcohol-exposed males. FASEB J. 2021 Dec;35(12):e22035. doi: 10.1096/fj.202101131R. PMID: 34748230; PMCID: PMC8713293.


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