Problemas depressivos enfrentados pelos pais podem estar contribuindo com o aumento de casos de depressão e transtornos comportamentais entre adolescentes, independente do parentesco genético entre pais e filhos. A constatação é resultado de uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores das universidades norte-americanas Penn State e Michigan State.
Analisando informações comportamentais de famílias adotivas e mistas (envolvendo filhos biológicos, adotivos e também enteados), os pesquisadores apontaram diretamente para a transmissão ambiental da depressão e demais comportamentos negativos compartilhados entre pais e filhos.
"Muitos estudos se concentram na depressão dentro de famílias biologicamente relacionadas. Agora, mais informações estão se tornando disponíveis para famílias adotivas e mistas", diz o professor de psicologia, desenvolvimento humano e estudos familiares da Penn State, Jenae Neiderhiser.
Foram analisados dados de 720 famílias que participaram de um estudo intitulado Nonshared Environment in Adolescent Development (NEAD), com mais da metade dessas famílias contendo pelo menos um padrasto. Mães, pais e filhos responderam perguntas para medir sinais de depressão e comportamentos conflituosos. Na sequência, foi analisada a associação entre sintomas de depressão paterna e entre adolescentes.
Embora os participantes do estudo já previssem constatar a transmissão ambiental da depressão em todas as famílias analisadas, eles esperavam que os efeitos fossem maiores entre pais e filhos geneticamente relacionados, o que não foi observado.
Transtornos mentais na juventude
Em 2021, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Instituto Gallup, publicou um relatório mundial apontando que um em cada sete jovens com idades entre 10 e 19 anos sofre com algum tipo de transtorno mental. Muitos dos problemas foram agravados pelas mudanças comportamentais adotadas durante a crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19.
Os sintomas de depressão na adolescência são muito parecidos com os sinais da doença verificados na vida adulta. Entre eles, estão: falta de motivação e entusiasmo com as atividades cotidianas, baixa autoestima, insônia, baixo rendimento escolar, isolamento social, dificuldade em tomar decisões, sentimentos de culpa, uso de drogas, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, medos em excesso, inquietação, ansiedade e irritabilidade.
Com informações do jornal Development and Psychopathology.
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