A identificação do grau de invasão tumoral em pacientes com adenocarcinoma pulmonar tem se tornado cada vez mais importante, especialmente com a detecção crescente de nódulos pulmonares de opacidade em vidro fosco (GGO) por meio da tomografia computadorizada de alta resolução (HRCT). Tais nódulos, persistentes, geralmente indicam adenocarcinomas pulmonares pré-invasivos ou invasivos, que necessitam de acompanhamento próximo ou até mesmo de ressecção cirúrgica.
Em um contexto onde a biópsia não pode fazer um diagnóstico patológico pré-operatório para Adenocarcinoma In Situ (AIS) ou Adenocarcinoma Minimamente Invasivo (MIA), a avaliação radiológica, especialmente a HRCT, tem sido amplamente utilizada para estimar a invasão tumoral patológica, visando identificar candidatos à cirurgia. No entanto, ainda não estava claro se a HRCT poderia prever a invasão tumoral patológica em tumores GGO, especialmente distinguindo AIS ou MIA de Adenocarcinoma Invasivo ( IAD).
Para esclarecer esta questão, um estudo prospectivo e multicêntrico, denominado ECTOP 1008, foi conduzido e publicado em JAMA dia 16 outubro de 2023. Os resultados indicaram que o tamanho do tumor e o tamanho do componente sólido são os dois fatores mais críticos para a HRCT identificar a invasão tumoral patológica.
A figura a seguir ilustra a relação entre a invasão tumoral patológica e o tamanho radiológico do tumor em nódulos pulmonares. Na parte A, a análise centra-se em nódulos parcialmente sólidos, considerando um tamanho de componente sólido de 6 mm como valor de corte. Na parte B, a ênfase está em nódulos de opacidade em vidro fosco (GGO). As categorias incluem adenocarcinoma in situ (AIS), adenocarcinoma invasivo (IAD) e adenocarcinoma minimamente invasivo (MIA).
Fonte: JAMA Network Open.
doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.37889
Para tumores com um diâmetro máximo de até 10 mm, a precisão diagnóstica foi de 96,0%. Por outro lado, para tumores com diâmetro superior a 20 mm, a precisão diagnóstica foi de 93,1%. Interessantemente, para os tumores puros GGO com mais de 20 mm, a maioria era IAD, o que desafiava a concepção tradicional de que GGO sempre corresponde a um padrão patológico lepídico.
Além disso, o estudo sugere que um tamanho de componente sólido de 6 mm na HRCT pode ser o valor de corte ideal para distinguir AIS ou MIA de IAD em termos clínicos. Isso se mostrou prático, uma vez que uma diferenciação precisa entre AIS ou MIA e IAD é de suma importância. Uma superdiagnóstico para AIS ou MIA pode resultar em tratamentos excessivos, enquanto um subdiagnóstico para IAD pode resultar em falta de tratamento.
Ainda assim, o estudo teve suas limitações, como a subjetividade na medição de alguns parâmetros radiológicos e a falta de dados de sobrevivência de longo prazo.
Em suma, a tomografia computadorizada de alta resolução (HRCT) mostrou boa precisão, sensibilidade e especificidade para identificar pré-operativamente a invasão tumoral em adenocarcinoma pulmonar com características GGO. Estas descobertas são significativas, pois fornecem direção clínica sobre quais pacientes podem ser candidatos adequados para cirurgia e qual abordagem cirúrgica pode ser mais apropriada.
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Referência:
Ye T, Wu H, Wang S, et al. Radiologic Identification of Pathologic Tumor Invasion in Patients With Lung Adenocarcinoma. JAMA Netw Open. 2023;6(10):e2337889. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.37889