A colonoscopia é um exame utilizado em todo mundo para
verificação da saúde do cólon e do reto, sendo muito recomendado para detecção
do câncer de intestino. Porém, a repercussão negativa de uma pesquisa recente
realizada na Noruega, cujos resultados foram publicados na revista The New England Journal of Medicine, vem
colocando em dúvida a eficácia do procedimento para descoberta de tumores, gerando
polêmica nos meios médico e científico.
Segundo publicações sobre o assunto, a pesquisa – que fez
uma análise de dados de milhares de pessoas com idades entre 55 e 64 anos, na
Polônia, Noruega e Suécia entre 2009 e 2014 - teria demonstrado que a colonoscopia
reduz em apenas 18% o risco de câncer colorretal e não é capaz de prevenir significativamente
o número de mortes pela doença.
O dado, entretanto, deixa de considerar fatores limitantes importantes da pesquisa, como a baixa adesão dos participantes ao exame de colonoscopia, a baixa qualidade dos exames realizados e o curto período de acompanhamento.
Quando a pesquisa norueguesa é restrita aos participantes que
realmente realizaram a colonoscopia (cerca de 12 mil pessoas), a eficácia do procedimento
é tida como maior, sendo apontada redução de 31% na incidência de câncer
colorretal e de 50% no risco de morte.
Estudos anteriores, com realização de trabalhos observacionais, demonstram que a colonoscopia é bastante eficaz no diagnóstico precoce do câncer, podendo também detectar pólipos que futuramente venham a se transformar em tumores.
Por isso, a repercussão da publicação realizada na The New England Journal of Medicine vem
sendo apontada por muitos como um desserviço à população e à saúde pública, principalmente
por que muitas pessoas já demonstram uma resistência natural de realizar a
colonoscopia, considerando-a invasiva e constrangedora.
O American College of Gastroenterology se pronunciou sobre o assunto, enviando uma nota à CNN Health criticando a divulgação de um artigo sobre o tema, em que as limitações do estudo feito na Noruega teriam sido ignoradas, e defendendo os benefícios do procedimento.
De acordo com a
entidade, existem evidências bem estabelecidas de que a colonoscopia com
remoção de pólipos pré-cancerígenos reduz a incidência de câncer colorretal,
consequentemente reduzindo o número de mortes pela doença.
“Os benefícios da colonoscopia de rastreamento levam tempo
para ser percebidos...O peso da doença e da morte por câncer colorretal –
especialmente devido ao atraso na triagem – é real...As descobertas (da
pesquisa desenvolvida na Noruega) são instigantes e levantam questões, mas de
forma alguma estas questões são uma razão para que adultos elegíveis (à realização
de colonoscopia) adiem ou renunciem (ao exame). Recomenda-se o rastreamento do
câncer colorretal por colonoscopia”, diz a nota da entidade norte-americana.
No Brasil, conforme informações divulgadas pelo governo
Federal, foram contabilizadas 168,7 mil mortes causadas por câncer colorretal
entre 2011 e 2020. Os casos de internações pelo problema, através do Sistema
Único de Saúde (SUS), chegaram a 771 mil no mesmo período.
Leia também: