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Richard Feynman, o Premio Nobel 2021 e a educação médica.

Richard Feynman, o Premio Nobel 2021 e a educação médica.
Henri Hajime Sato
out. 13 - 8 min de leitura
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Inicialmente eu faria esse caso para a série “receita do desastre”, mas como não havia muito desastre e dadas as circunstâncias do prêmio Nobel, eu resolvi fazer um post separado do meu cientista favorito e um dos melhores educadores da história, Richard Feynman. Então não temos a receita do desastre, mas temos um post interessante: 

Leia o primeiro texto da série Receita do desastre 

O prêmio Nobel de 2021 na medicina foi dada aos cientistas que organizaram os mecanismos de toque e temperatura. Leia aqui

Logicamente, tem aquele rolo neurocientífico, a histologia cutânea, subcutânea, e a proporção quantitativa e qualitativa que você lê no Rivotril chamado Kandel (que pode ser usado como quebra marisco e arma branca pelo peso que esse livro tem). 

O que eu achei uma coisa muito “privilégio de rico”, do tipo. 

Um biênio que praticamente diminuiu interação social, com a restrição de distância é meio, a meu ver, darem um prêmio ligado ao contato, isso é“rir da cara da população em geral”. 

Mas não é a primeira vez que um Nobel, principalmente da medicina gera polêmica. Prêmios Nobel já foram dados a técnicas de lobotomia, cientistas de índole questionável e inclusive eu vi que um inclusive atualmente teve fundo político para agradar um certo governo de um certo país em uma substância questionável. 

Artemísia, cloroquina, ivermectina... fiquem a critério científico. 

Nessas situações eu lembro de duas coisas: 

  • Primeira: a sensação do médico na faculdade querendo ser um cientista imponente até descobrir como funciona a “indústria do artigo científico” 
  • Segunda: é meu cientista favorito e minha inspiração para aprender Richard Feynman. 

Richard Feynman foi um físico, que teve sua fama como cientista na área de física quântica e como educador, ele dizia que “qualquer um podia aprender o que quiser” e realmente ele levou isso à um nível que considero ele melhor filósofo que cientista. 

Eu não vou contar a história toda dele, deixarei embaixo um documentário bem interessante da BBC sobre a vida desse cientista e todas as suas peculiaridades. 

Existe até um livro da editora blutcher chamado Os melhores textos de Richard P. Feynman somente com seus discursos e inúmeras autobiografias que ele zoava com ele mesmo

E até mesmo livros que ele mesmo escrevia sobre aprendizado de física e sobre a vida. O meu favorito é "Você esta brincando comigo senhor Feynman?" tradução livre.

Mas já aviso que assim como eu, ele detestava uniformes e normas de vestimenta. 

Visto isso,  ele sempre teve um espírito meio burlesco e largado, gostava de estudar física quântica e fazer suas anotações em clubes de strip tease, quando queria aprender algo, às vezes saía da faculdade e isso incluía um desejo quase que absurdo de aprendizado em aleatoriedades científicas 

Quando convocado pelo governo americano para fazer o processo da bomba atômica no projeto Manhattan se divertia arrombando cofres nos quartéis e desenvolvendo métodos que adiantaram o projeto nuclear de anos em dias.

Por diversão resolveu ir trabalhar com o filho numa empresa recém-aberta (vulgo: start up) de informática e de lá até tirou teorias físicas que só seriam resolvidas no século XXI que foi: 

“Por que quando quebramos vários spaghettis crus eles não se partem no meio e sim em vários pedaços?” E não é brincadeira, ele realmente estudou isso e não chegou a uma conclusão. 

No mesmo espírito resolveu aprender a tocar bongôs, artes plásticas (o qual ele fez um intercambio com um artista, ensinou física teórica a um desenhista e em troca aprendia a desenhar).

Se aventurou na engenharia de materiais descobrindo a razão da Challenger ter explodido e ainda explicou no congresso de forma que todo mundo entendesse. (spoiler: no dia anterior do lançamento havia temperaturas mais baixas que o esperado, ocasionando lesões na vedação no tanque de combustível no ônibus espacial que causou uma explosão no lançamento) 

Deu para ver que além de um gênio, um excelente educador era um espírito extremamente rebelde. O que também me leva a um de seus feitos: educação. 

Alias sua metodologia é pouco estudada, ao meu ver, em virtude de educadores que são mais panfletos plagiados(plagio é referência ausente)que originais.

E se quer críticas a nossa moribunda educação brasileira e as técnicas de educação de nossos "educadores", professores com mestrado/doutorado/ 4 steps e tudo mais , como todo burlesco, fã de carnaval, ele já veio ao Brasil lecionar física naquelas aulas de convidados especiais(e que está no livro que eu disse acima).

Descobri(no Brasil) um fenômeno muito estranho: eu podia fazer uma pergunta e os alunos respondiam imediatamente. Mas quando eu fizesse a pergunta de novo – o mesmo assunto e a mesma pergunta, até onde eu conseguia –, eles simplesmente não conseguiam responder!

Ele foi consagrado com um Nobel de física por estudos da eletrodinâmica quântica, o comportamento de partículas (e logicamente ele causou em Estocolmo sempre rindo de tudo achando o povo “sério demais”). 

E não muito contente, quando foi cogitado pela segunda vez a um novo prêmio, um jornalista perguntou qual era a sua expectativa. 

Eu não devo saber se a minha ciência é boa de acordo com um grupo de suecos sentados em uma cadeira dizendo o que é ciência e o que não é. (e acho que essa frase é a mais válida aos prêmios de Estocolmo que nunca) 

Richard Feynman foi uma das melhores pessoas do século XX, era um físico brilhante que passou por muitos perrengues (infância pobre, perdeu sua primeira esposa para a tuberculose, entrou em depressão por ser praticamente coagido a fazer duas bombas atômica que foi usadas em duas áreas predominantemente civis), mas uma vida de superação e um estilo único que o fazia a ter alegria e vontade de uma coisa: 

  • Entender o mundo e conseguir explicar isso a todos de forma simples; 

E ainda como educador e físico, um aluno pediu uma dedicatória para a mãe dele porque Feynman apresentava um programa de documentários como o Cosmos do Carl Segan.

E o que estava escrito na dedicatória deixou o físico nervoso porque um professor ia contra a educação:

"Obrigado por gostar do meu programa, esqueça a física, foque no amor porque o amor é tudo"

E para evitar críticas pessoais e frases polêmicas sobre o nosso ensino médico eu pergunto: 

Como um educador/aluno como esse seria recebido hoje na medicina? Um jeito positivo ou um louco desvairado? 

E se você quer uma receita do desastre eu conto como ele morreu: complicação de uma recidiva (provavelmente câncer de rim) e até no leito de morte, os médicos diziam que "ele estava em um estado quase vegetativo", diz sua irmã que ele fez a pose de arregaçar as mangas como um mágico mostrando seu truque e morreu em seguida. 

Não sei se isso é verdade, mas seria engraçado e a cara dele. 

Clique nas referências que são tão cômicas que você vai rir e vai falar das críticas dele: "e não é que o filha da mãe tem razão?"

Referências

Heloisa Pait. A experiência de Richard Feynman no Brasil e o atual ensino das ciências humanashttps://estadodaarte.estadao.com.br/a-experiencia-de-richard-feynman-no-brasil-e-o-atual-ensino-das-ciencias-humanas/

Ensino de Física no Brasil segundo Richard Feynmanhttp://www.uel.br/cce/fisica/pet/EnsinoRichardFeynman.pdf

E o documentário (legendado) da BBC de onde tirei maioria das informações

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