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Saúde mental da gestante e o impacto nos resultados obstétricos e neonatais

Saúde mental da gestante e o impacto nos resultados obstétricos e neonatais
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ago. 17 - 4 min de leitura
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A gravidez é um período delicado, susceptível ao impacto de diversos fatores, incluindo a saúde mental da mãe.

Conforme a pesquisa publicada em The Lancet em 14 de agosto de 2023, mulheres grávidas com histórico de doenças mentais apresentam um risco elevado de resultados adversos no nascimento, como nascimentos prematuros e bebês pequenos para a idade gestacional. Este risco é ainda mais acentuado em mulheres com doenças mentais graves. No entanto, a relação entre saúde mental e desfechos neonatais ainda não é plenamente compreendida.

Por exemplo, os dados sobre o risco aumentado de natimorto ou morte neonatal entre essas mulheres são inconsistentes. Portanto, este estudo buscou esclarecer essa relação, utilizando extensos conjuntos de dados nacionais interligados e avaliando os desfechos de gravidez em mulheres com e sem histórico de atendimento especializado em saúde mental.

A análise, conduzida entre abril de 2014 e março de 2018, abrangeu 2.081.043 mulheres na Inglaterra, com idades entre 18 e 55 anos e média de 30 anos. Destas, 7,3% que deram à luz no NHS (National Health Service) do Reino Unido haviam tido pelo menos um contato presencial com um especialista em saúde mental antes da gravidez. Estas mulheres apresentaram riscos elevados de nascimento prematuro, bebê pequeno para a idade gestacional, desfechos neonatais adversos e morbidade materna.

É relevante apontar que a gravidade e a recente interação com os cuidados de saúde mental também se associaram a riscos mais elevados de desfechos adversos. O estudo, porém não indicou aumento no risco de natimorto ou morte neonatal, possivelmente pela baixa ocorrência destes desfechos. Contudo, descobriu-se que o risco destas ocorrências foi mais pronunciado em mulheres que tiveram um contato que refletia uma doença mental mais grave ou aquelas que tiveram contato recente com a saúde mental antes da gravidez.

Um dos grandes méritos desta pesquisa é a utilização de bancos de dados nacionais interligados providenciados pelo NHS, que presta a vasta maioria dos cuidados de saúde mental especializados e cuidados de maternidade na Inglaterra. No entanto, o estudo enfrentou limitações, como questões técnicas que impactaram o acesso a certos registros.

A pesquisa salienta a importância de avaliar o histórico de saúde mental das mulheres nas consultas obstétricas iniciais. Identificar um histórico de contato com especialistas em saúde mental, sobretudo contatos recentes ou de alta gravidade, pode ser fundamental para proporcionar cuidados apropriados durante a gravidez. No contexto do NHS, equipes especializadas em saúde mental perinatal têm sido implementadas para aconselhar e atender mulheres com transtornos mentais graves tanto no período pré-concepção quanto durante e após a gravidez.

A análise deste estudo ressalta o quão determinante a saúde mental materna pode ser para os desfechos da gravidez. Mais estudos são imprescindíveis para desvendar a complexa relação entre saúde mental, gravidez e desfechos neonatais. No entanto, os resultados nos incentivam a aprimorar as avaliações de saúde mental nas práticas obstétricas, com o intuito de garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.



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Referência: 

Langham, J., Gurol-Urganci, I., Muller, P., Webster, K., Tassie, E., Heslin, M., & et al. (2023). Obstetric and neonatal outcomes in pregnant women with and without a history of specialist mental health care: A national population-based cohort study using linked routinely collected data in England. The Lancet Psychiatry. https://doi.org/10.1016/S2215-0366(23)00200-6


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