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Ter família grande é fator protetor contra doenças demenciais, diz estudo

Ter família grande é fator protetor contra doenças demenciais, diz estudo
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mar. 25 - 5 min de leitura
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Pesquisar e identificar como as condições e hábitos de vida e relações interpessoais interferem no desenvolvimento de doenças é cada dia mais importante. 

Neste texto, você verá:

  • Epidemiologia e fatores de risco para a demência;

  • Relação do núcleo familiar com a demência;

  • Metodologia do estudo que revelou a correlação do tamanho das famílias com a mortalidade por demência;

  • Explicação fisiopatológica da correlação.  


Estima-se que 5-8% da população geral mundial com 60 anos ou mais tenha sido diagnosticada com demência nos últimos anos.

Ao estudar sobre a conexão entre as relações familiares o desenvolvimento da demência, pesquisadores da Austrália e da Suíça, fizeram um estudo transversal retrospectivo, conhecido como “análise ecológica”,  que analisou as taxas de mortalidade específicas por demência dos 183 estados-membros da Organização Mundial da Saúde(OMS). As taxas foram calculadas e comparadas com os respectivos dados dos países sobre tamanho da família, Produto Interno Bruto (PIB), população urbana e envelhecimento.

Os cientistas descobriram que a história familiar fornece um componente genético importante ao envelhecimento, sendo um fator de risco irreversível para demência. Além disso, há evidências de que fatores de risco ambientais e comportamentais, como sedentarismo, menor nível socioeconômico e alimentação não saudável, também se relacionam com a demência.

Ao longo da história da humanidade, as espécies humanas mudaram a forma de organização social. No início, organizavam-se em grupos pequenos de caçadores-coletores, seguido de sociedades de grande escala, e atualmente, em famílias centrais com poucos irmãos devido à industrialização.

Tais discrepâncias na organização do núcleo social e distanciamento do que era no início da civilização humana, têm sido associadas à saúde mental na população humana. O agregado familiar cria um ambiente social importante para manter a saúde dos membros co-residenciais. Visto isso, estudos mostraram que famílias grandes proporcionam a felicidade subjetiva aos moradores, possibilitando que esses indivíduos tenham baixo risco de desenvolverem doenças físicas, como câncer e doenças mentais em pessoas com deficiência e pacientes hospitalares. 

O estudo revelou que tanto o tamanho da família pode ser um fator importante para a redução da mortalidade por demência ao nível populacional, quanto o tamanho do domicílio foi um fator de risco determinante, sobrepondo-se a fatores de risco como envelhecimento, menor nível socioeconômico e urbanização. Além disso, o efeito preditivo do tamanho da família na mortalidade por demência foi independente dos efeitos de outros fatores de risco comuns, como envelhecimento, status socioeconômico e urbanização.

Isso corrobora com o fato de que o apoio psicológico, social e os cuidados físicos do núcleo familiar influenciam positivamente no cuidado de pacientes com demência.

Por fim, a ciência diz que a vida familiar aumenta os níveis de propósito na vida, o que pode reduzir em 30% o risco de demência. Famílias grandes oferecem mais engajamento social na vida, o que protege contra a demência. 

Explicação fisiopatológica 

A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência e ocorre quando a beta-amiloide (proteína tóxica) começa a se aglomerar em torno dos neurônios no cérebro, segundo a sua hipótese mais prevalente.

Devido à proteína, os neurônios se degeneram, diminuindo a plasticidade sináptica e, ocasionando o declínio cognitivo. A ocitocina tem sido considerada química responsável por direcionar a remoção ou redução da beta-amiloide com consequente melhora da capacidade cognitiva dos pacientes.

Entretanto, se usada como único tratamento, um estudo em camundongos encontrou que a ocitocina não melhorou a plasticidade sináptica do cérebro. Além disso, outro estudo em modelo animal descobriu que a oxitocina fortaleceu a memória social e melhorou a memória espacial quando os camundongos estavam na maternidade. Em estudos humanos, foi relatado que a oxitocina fortaleceu seletivamente a memória dos participantes para estímulos sociais, dependendo dos contextos sociais dos participantes e estilos de apego individuais.

Assim, a ocitocina tem relação com muitos aspectos do funcionamento social. Nesse sentido, famílias grandes promovem mais interações interpessoais entre os seus membros, proporcionando proteção biológica contra a demência através dos efeitos terapêuticos da oxitocina.

Ao mesmo tempo, o bem-estar psicossocial positivo produzido por grandes famílias pode exercer uma desaceleração benéfica no desenvolvimento da demência.

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Referência 

  1. YOU, Wenpeng; HENNEBERG, Maciej. Large household reduces dementia mortality: A cross-sectional data analysis of 183 populations. PloS one, v. 17, n. 3, p. e0263309, 2022. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0263309. Acesso em 25/03/2022.

 


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