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Cochilos longos podem ser sinal precoce da doença de Alzheimer, mostra estudo

Cochilos longos podem ser sinal precoce da doença de Alzheimer, mostra estudo
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mar. 23 - 5 min de leitura
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Cochilar durante o dia é comum entre os adultos mais velhos. A relação longitudinal entre cochilo diurno e envelhecimento cognitivo, no entanto, permanece desconhecida. 

Um novo estudo de coorte realizado por pesquisadores do Brigham and Women's Hospital, em Boston, encontrou uma ligação bidirecional entre os dois: cochilos diurnos excessivos previam um risco futuro aumentado de demência de Alzheimer, e um diagnóstico de demência de Alzheimer acelerou o aumento de cochilos diurnos ao longo do envelhecimento. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico Alzheimer's & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association em 17 de março de 2022.

Há resultados conflitantes sobre os efeitos do cochilo diurno na cognição em idosos. Enquanto alguns estudos mostraram que o cochilo diurno traz benefícios no desempenho cognitivo agudo, humor e estado de alerta, outros estudos destacaram os resultados adversos no desempenho cognitivo.

 No entanto, os pesquisadores do Brigham reconheceram que todos os estudos anteriores sobre a doença de Alzheimer avaliaram o cochilo em um participante apenas uma vez, e a maioria deles era subjetivo e baseado em questionários. Portanto, eles procuraram realizar uma avaliação longitudinal e objetiva dos cochilos para determinar a ligação entre o cochilo diurno e a demência de Alzheimer.

A pesquisa atual testou duas hipóteses:

  1. Os participantes cochilam mais e/ou com mais frequência com o envelhecimento e as mudanças são ainda mais rápidas com a progressão da demência de Alzheimer;
  2. Participantes com cochilos diurnos excessivos têm um risco aumentado de desenvolver demência de Alzheimer.

O estudo é fruto de um trabalho colaborativo entre o Rush Alzheimer's Disease Center e a Universidade da Califórnia, em San Francisco. 

A equipe conduziu a pesquisa usando dados do Rush Memory and Aging Project (MAP), a partir do método de coorte. Mais de 1.000 indivíduos, com idade média de 81 anos, receberam o Actical, um dispositivo semelhante a um relógio, para usarem por até 14 dias. 

Os  pesquisadores identificaram episódios de sono usando um algoritmo de pontuação de sono previamente validado que considera as contagens de atividade do pulso. Após a identificação dos episódios de cochilo, a duração e a frequência destes foram calculadas.

Os participantes também foram submetidos a testes para avaliar a cognição a cada ano. No início do estudo, 76% dos participantes não tinham comprometimento cognitivo, 20% tinham comprometimento cognitivo leve e 4% tinham doença de Alzheimer.

Por meio do novo estudo de coorte, os pesquisadores descobriram que a duração e a frequência do cochilo estavam positivamente correlacionadas com a idade e encontraram uma relação bidirecional e longitudinal entre o sono diurno e a demência de Alzheimer.

 Independentemente de fatores de risco conhecidos para demência, incluindo idade, duração e fragmentação do sono noturno, cochilos diurnos mais longos e mais frequentes  são um fator alto de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer em homens e mulheres cognitivamente normais. 

Além disso, os aumentos anuais na duração e frequência dos cochilos foram acelerados à medida que a doença progrediu, especialmente após a manifestação clínica da demência de Alzheimer. Em última análise, os autores descrevem a relação entre cochilo diurno e cognição como um “ciclo vicioso”.

Para os participantes que não desenvolveram comprometimento cognitivo, o cochilo diurno diário aumentou em média 11 minutos por ano. A taxa de aumento dobrou após um diagnóstico de comprometimento cognitivo leve para um total de 24 minutos e quase triplicou para um total de 68 minutos após um diagnóstico de doença de Alzheimer, de acordo com a pesquisa.

De forma geral, os participantes que cochilavam mais de uma hora por dia tinham um risco 40% maior de desenvolver Alzheimer do que aqueles que cochilavam menos de uma hora por dia; e os participantes que cochilavam pelo menos uma vez por dia tinham um risco 40% maior de desenvolver Alzheimer do que aqueles que cochilavam menos de uma vez por dia.

Os autores reconhecem três limitações primárias do estudo. Primeiro, embora a actigrafia tenha sido amplamente utilizada em estudos de campo do sono e validada, os pesquisadores reconhecem que a polissonografia é o padrão-ouro para a pontuação do sono. 

Em segundo lugar, os participantes estudados eram mais velhos e, portanto, os achados podem não ser facilmente traduzidos para coortes mais jovens. Por fim, é necessário realizar pesquisas futuras para testar se uma intervenção direta no cochilo diurno pode diminuir o risco de demência de Alzheimer ou declínio cognitivo.

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Referência

  1. Li, P, Gao, L, Yu, L, et al. Daytime napping and Alzheimer's dementia: A potential bidirectional relationship. Alzheimer's Dement. 2022; 1– 11. https://doi.org/10.1002/alz.12636. Disponível em https://alz-journals.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/alz.12636. Acesso em 23 de março de 2022.

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