Pesquisadores portugueses de um estudo publicado na Nature, analisaram 15 sequências de DNA da varíola dos macacos entre 20 e 27 de maio de 2022 e revelaram que esta cepa mais recente difere em 50 polimorfismos de nucleotídeos em comparação com cepas anteriores do vírus em 2017-2018.
A descoberta também demonstrou que o vírus está evoluindo de 6 a 12 vezes mais rápido do que o esperado. Em entrevista para o Medscape, os autores relataram que o Orthopoxviruses - o gênero ao qual pertence o vírus da varíola dos macacos - geralmente ganha apenas uma ou duas mutações a cada ano, logo, seria de se esperar cinco a 10 mutações no vírus da varíola dos macacos de 2022 em comparação com a cepa de 2017, e não 50, como o encontrado.
De acordo com os dados genéticos do vírus, é provável que ele tenha uma única origem e que a cepa atual seja descendente da cepa envolvida no surto de varíola dos macacos de 2017-2018 na Nigéria. Para os autores do estudo, ainda não está claro se essas mutações ajudaram na transmissibilidade do vírus ou têm outras implicações clínicas, entretanto, as mutações sugerem que o vírus está tentando descobrir a melhor maneira de lidar com uma nova espécie hospedeira, uma vez que seus hospedeiros naturais são roedores.
As rápidas mudanças no genoma viral podem ser impulsionadas pela enzima de edição de mRNA da apolipoproteína B, tipo polipeptídeo catalítico 3 (APOBEC3). Segundo o primeiro autor da pesquisa, essas enzimas podem fazer alterações no genoma viral, entretanto, às vezes as alterações no genoma não são prejudiciais ao vírus e possuem um padrão de assinatura, que também foi detectado na maioria das 50 novas mutações identificadas pela equipe.
Por fim, os pesquisadores também descobriram que o vírus de 2022 pertence ao clado 3 do vírus, que faz parte do clado menos letal da África Ocidental, com uma taxa de mortalidade inferior a 1%, sendo o clado da África Central com uma taxa de mortalidade superior a 10%.
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Referência
MEDSCAPE. Monkeypox Mutating Faster Than Expected. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/976603. Acesso em: 11 jul. 2022.