O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), anunciou, por meio da publicação do relatório Environmental Dimensions of Antimicrobial Resistance que há uma forte ameaça global para a ocorrência de uma nova pandemia causada por bactérias com alta resistência antimicrobiana.
Segundo a publicação, um dos fatores de risco para esse problema é a contaminação de água com antibióticos e, consequentemente, favorecimento das condições propícias para a multiplicação desenfreada de patógenos resistentes a medicamentos.
De acordo com a agência da ONU para Meio Ambiente, em 2015, a população já consumia 34,8 bilhões de antibióticos, por dia, em 2015 e 80% dos remédios foram descartados incorretamente na natureza. Vale ressaltar que somente em 2019, 5 milhões de pessoas morreram após contrair infecções resistentes a antibióticos.
A pandemia de COVID-19, conhecida como uma das mais mortais dos últimos tempos, também nasceu de uma zoonose. Mesmo assim, pesquisadores alertam que as pessoas ainda não levam muito a sério a ameaça de doenças zoonóticas.
Fatores de risco para uma nova pandemia
O relatório do PNUMA destacou cinco fatores de risco para a proliferação de agentes infecciosos. São eles:
• Precariedade no saneamento básico;
• Falta de estrutura nas redes de esgoto e águas residuais;
• Defecação a céu aberto, decorrente do uso excessivo de antibióticos em casos de diarreia;
• Presença de efluentes na fabricação de produtos farmacêuticos;
• Aumento dos resíduos gerados pelo processamento de animais.
Além disso, as mudanças climáticas, o desmatamento e a destruição ambiental potencializam a alta de temperaturas e isso é favorável para o surgimento de infecções resistentes a antimicrobianos.
Algo pode ser feito para evitar uma nova catástrofe?
É comprovado cientificamente que prevenir pandemias custa muito menos do que controlá-las. No relatório, especialistas no assunto recomendam o reforço de algumas medidas na tentativa de reduzir o risco de uma nova crise sanitária. São elas:
- Reforço das ações de tratamento aprimorado de águas residuais;
- Uso direcionado de antibióticos para travar a ameaça global e prescrição somente quando houver necessidade;
- Reforço na melhoria de dados e monitoramento dos remédios antimicrobianos e a forma como eles são descartados;
- Criação de planos governamentais para limitar a liberação de antimicrobianos;
- Redução do uso de poluentes químicos e biológicos que afetam o meio ambiente, contribuindo para a ocorrência de eventos climáticos severos e aumento de lençóis freáticos.
Recentemente, cientistas da Fiocruz publicaram o 1º estudo genômico sobre a disseminação ambiental das bactérias Enterococcus faecim que são resistentes à vancomicina e aos antimicrobianos e alertam sobre como esse fenômeno é uma ameaça à saúde mundial. Fica a dica!
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Referências
1.United Nations Environment Programme (2022). Environmental Dimensions of Antimicrobial Resistance: Summary for Policymakers. Disponível em: https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/38373/antimicrobial_R.pdf. Acesso em 11 de abril de 2022.
2. ONU NEWS. Nova pandemia pode ser causada por superbactérias em águas sem tratamento, alerta Pnuma. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2022/04/1785622. Acesso em 11 de abril de 2022.