Segundo a OMS, a violência doméstica afeta uma em cada três mulheres durante a vida. Essa violência está negativamente associada a vários desfechos obstétricos, incluindo parto prematuro, baixo peso ao nascer e aborto espontâneo. Além disso, essa agressão também pode ter um efeito negativo no desenvolvimento da criança, por exemplo, atraso no desenvolvimento cognitivo e de linguagem, problemas de apego emocional e problemas de comportamento.
Uma revisão sistemática publicada no British Medical Journal analisou 33 estudos sobre o tema e concluiu que foi encontrada uma forte associação entre qualquer tipo de violência doméstica e depressão pós parto(DPP). Esse achado está de acordo com estudos anteriores de revisão sistemática e de meta-análise que concluíram que a exposição a qualquer agressão doméstica aumentou o risco de depressão pós parto em 1,5 a 2,0 vezes.
Ao analisar os tipos específicos de violência os cientistas concluíram que a física estava significativamente associada à DPP, a violência emocional também apresar de ser menos pronunciada, por ser mais difícil de mensurar e pelo fato de que mulheres expostas à violência emocional podem não se perceber como vítimas de abuso. Do ponto de vista dessas vítimas, atos como gritar ou ameaçar são muitas vezes considerados o resultado de um 'temperamento quente', podendo perder seu senso de auto-estima e independência e, portanto, correm maior risco de desenvolver depressão.
Por fim, também foi encontrada uma forte associação entre violência sexual e DPP. Alguns pesquisadores notaram que mulheres grávidas com histórico de abuso sexual podem reviver memórias de seu abuso durante procedimentos de cuidados de rotina na gravidez, podendo desencadear o desenvolvimento de pré-parto e DPP.
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Referência
Ankerstjerne LBS, Laizer SN, Andreasen K, et alLandscaping the evidence of intimate partner violence and postpartum depression: a systematic reviewBMJ Open 2022;12:e051426. doi: 10.1136/bmjopen-2021-051426