Uma carta de pesquisa publicada no JAMA Network Open em 23 de março de 2022, revela que entre 2019 e 2020, houve crescimento significativo nas mortes associadas ao risco de doenças cardíacas e derrames. Segundo os pesquisadores, o percentual foi de 5,8 e 6,8% nas mortes por doenças cardíacas e derrames, respectivamente, com aumentos associados à idade de 1,6 e 1,7%.
Antes disso, os cientistas descobriram que, de 2011 a 2019, houve um crescimento de 10,4% no número de mortes por doenças cardíacas e um aumento de 16,3% nas mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Para entender os efeitos do risco de doenças subjacentes em comparação com o envelhecimento na população total, bem como nos principais grupos raciais e étnicos, os autores do estudo analisaram informações do banco de dados WONDER (Centro de Controle e Prevenção de Doenças On-line para Pesquisa Epidemiológica) dos Estados Unidos.
As informações extraídas do banco de dados incluíam taxas de mortalidade ajustadas por idade para doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral, números de mortes específicas por idade e estimativas populacionais de 2011 a 2020. Dados de raça e etnia autorrelatados do Censo populacional dos EUA também foram incluídos para determinar os resultados de mortalidade.
Especificidades de riscos de acordo com etnia e raça
A mudança percentual da média anual em doenças cardíacas associadas ao risco e mortes por acidente vascular cerebral variou de -1,5 a 0,7% de 2011 a 2019 para todos os grupos raciais e étnicos, enquanto os aumentos de 2019 a 2020 variaram de 2,3 a 11,9%.
Os dados apontam que há maior risco de morte por AVC em indivíduos negros não hispânicos, seguidos por hispânicos, asiáticos não hispânicos ou ilhéus do Pacífico e brancos não hispânicos.
Entre 2011 e 2019, os pesquisadores relataram que, embora tenha aumentado o número de doenças cardíacas associadas à idade e mortes por AVC, o número associado ao risco de doenças cardíacas e mortes por acidente vascular cerebral caiu.
“A pandemia de COVID-19 foi associada a condições que provavelmente contribuíram para o risco associado ao aumento de doenças cardíacas e mortalidade por acidente vascular cerebral. Essas condições incluíram períodos de superlotação de hospitais com pacientes que tiveram COVID-19, resultando em menos hospitalizações por problemas cardiovasculares agudos, menos consultas médicas, menor adesão à medicação e aumento das barreiras a comportamentos de estilo de vida saudáveis", afirmaram os autores.
Por fim, os cientistas reiteram a importância de determinantes sociais complexos no aumento do risco dessas doenças. À medida em que se continua a lidar com os efeitos da pandemia de COVID-19, os autores do estudo concluíram com um apelo à vigilância em relação à equidade no acesso aos cuidados de saúde.
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Referência
- Sidney S, Lee C, Liu J, Khan SS, Lloyd-Jones DM, Rana JS. Age-Adjusted Mortality Rates and Age and Risk–Associated Contributions to Change in Heart Disease and Stroke Mortality, 2011-2019 and 2019-2020. JAMA Netw Open. 2022;5(3):e223872. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.3872 Disponível em https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2790434. Acesso em 05 de abril de 2022.