A exposição à poluição do ar aumenta os riscos de desenvolvimento de várias doenças, principalmente as cardiovasculares, respiratórias e câncer. As mortes estimadas pela poluição do ar são computadas e atualizadas regularmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo estudo Global Burden of Disease do IHME. Segundo as fontes, estima-se que 7 milhões e 6,7 milhões de pessoas morrem por poluição de ar por ano, respectivamente. Essas mortes decorrem de fontes naturais e artificiais de poluição do ar(1).
O poluente mais estudado e que impacta negativamente a saúde chama-se material particulado(PM). Esse poluente engloba tudo que não seja gás. São partículas suspensas no ar, muito pequenas de sulfato, nitrato, amônia, cloreto de sódio, carvão preto, poeira mineral e água. As partículas que mais danificam o pulmão, são as menores, que possuem diâmetro de 2,5 micrômetros ou menos(PM2,5), o que corresponde a cerca de um trigésimo do diâmetro de um fio de cabelo humano(1).
As mortes por poluição do ar são atribuídas à poluição interna e externa. A primeira refere-se a poluição doméstica, a qual é produzida pelo uso de combustíveis sólidos (como madeira, restos de colheita, carvão, carvão e esterco) e querosene em fogueiras e fogões ineficientes(2). Calcula-se que em residências mal ventiladas, a fumaça interna pode ser 100 vezes maior do que os níveis aceitáveis para partículas finas (2). Segundo a OMS, 3,8 milhões de pessoas por ano morrem prematuramente de doenças atribuíveis à poluição do ar doméstica causada pelo uso ineficiente de combustíveis sólidos e querosene para cozinhar(2).
A segunda diz respeito ao ar ambiente, sendo que as mortes atribuídas a poluição externa, de acordo com a OMS, representam 91% (dos 4,2 milhões de mortes prematuras) em países de baixa e média renda, sendo a maior proporção no Sudeste Asiático da OMS e regiões do Pacífico Ocidental(3). Além disso, a poluição criada dentro de casa também contribui para a poluição externa, logo, a população que polui internamente sofre as consequências dos 2 ambientes (1).
Uma pesquisa publicada nos Anais da Academia Nacional de Ciências (PNAS) indicou que 8,8 milhões de mortes prematuras aconteceram por poluição do ar externa e interna, sendo que 5,5 milhões de mortes prematuras ocorreram por fontes antropogênicas. Isso inclui a poluição do ar causada pela agricultura, uso residencial de energia, emissões industriais não fósseis e queima de combustíveis fósseis(1).É a soma da poluição do ar interno e do ar externo que se origina de fontes antropogênicas.
Além disso, os pesquisadores descobriram que o número de mortos pela queima de combustíveis fósseis – na geração de energia, transporte e indústria – é responsável por 3,6 milhões de mortes(1). A pesquisa de Lelieveld et al (2019) também calculou o impacto total da poluição do ar (incluindo fontes naturais) e estimou que a poluição diminui em média 2,9 anos sua expectativa de vida para a população mundial(1).
De acordo com o estudo do Global Burden of Disease do IHME, 4,5 milhões de pessoas morrem prematuramente todos os anos devido à poluição do ar exterior. Os pesquisadores consideram o impacto na mortalidade de dois poluentes, exposição externa a partículas finas (PM 2,5) e ozônio troposférico. A pesquisa incluiu em seu cálculo ambas as fontes de poluição, tanto as antropogênicas, quanto as naturais(1).
O estudo de Vohra et al. (2021) sugere que o número de mortes por poluição do ar ao ar livre causada por combustíveis fósseis seja muito maior do que outros estudos sugerem. Eles estimam que, em 2018, houve 8,7 milhões de mortes globalmente devido à poluição do ar causada pela queima de combustíveis fósseis (1).8,7 milhões de mortes prematuras são quase um quinto de todas as mortes no mundo. Os intervalos de incerteza neste estudo são extremamente altos(1).
Um estudo publicado pela Nature em 2018 estimou o impacto da poluição do ar nas taxas de mortalidade entre crianças na África, a qual a PM2,5 é extremamente alta, tanto devido à dependência de combustíveis sólidos para cozinhar quanto à poeira dos desertos africanos (especialmente do Saara)(1). Os pesquisadores descobriram que a exposição ao PM2,5 é responsável por 22% das mortes infantis nos países estudados; isso significa 449.000 mortes infantis somente em 2015(1).
Essa revisão de dados demonstra que os intervalos de incerteza das estimativas publicadas nesses estudos também são grandes(1). Essa faixa evidencia que a pesquisa sobre o impacto global da poluição do ar ainda está em seu estágio inicial. Mais pesquisas científicas são necessárias para chegar a uma maior certeza. Entretanto, as pesquisas tem em comum que o impacto da poluição na saúde é muito alto e que o número anual de mortos está na casa dos milhões(1).
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Referências
Our world in Data. Max Roser. Data Review: How many people die from air pollution? Nov 2021. Disponível pelo link https://ourworldindata.org/data-review-air-pollution-deaths. Acesso em março de 2022
World Health Organization. Household air pollution and health. Set 2021. Disponível pelo link https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/household-air-pollution-and-health. Acesso em março de 2022
World Health Organization. Ambient (outdoor) air pollution. Set 2021. Disponível pelo link https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/ambient-(outdoor)-air-quality-and-health. Acesso em março de 2022