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Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares

Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares
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jun. 3 - 5 min de leitura
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Desde 2015, o dia 02 de junho é marcado como o Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares. A data comemorativa foi criada com o intuito de expandir a conscientização global sobre os transtornos alimentares como doenças tratáveis, de fundo psiquiátrico.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), os transtornos alimentares surgem com frequência durante o período da adolescência e juventude, e afetam mais frequentemente mulheres do que homens. A mídia e os meios de comunicação, incluindo a internet e redes sociais, têm papel importante no desenvolvimento destes transtornos, propagando indiscriminadamente dicas de emagrecimento e dietas sem embasamento científico, além de padrões estéticos muitas vezes difíceis de serem atingidos de forma saudável. Estima-se que mais de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por um transtorno alimentar, mas esse número pode ser ainda maior. Além disso, são responsáveis pela maior taxa de mortalidade dentre os transtornos psiquiátricos, cerca de 15%.

Este tema ainda é muitas vezes omitido ou esquecido, mas os Transtornos alimentares podem afetar qualquer pessoa independente de etnia, idade, gênero e podem resultar em graves prejuízos para a saúde do paciente, além do funcionamento social, acadêmico e ocupacional, tanto do portador, quanto de toda a família. 

Não existe um fator causal definido para o surgimento de um transtorno alimentar, mas ele está relacionado a um conjunto de fatores. Além de predisposição genética, o convívio familiar, crenças, e sentimentos disfuncionais a respeito da alimentação, associados ao grande culto à magreza ou forma física atlética, distorção da imagem corporal, bullying e problemas psicológicos ou psiquiátricos têm grande participação na instalação de um transtorno alimentar. Pacientes com depressão, ansiedade ou transtornos mentais e de personalidade são especialmente propensas ao desenvolvimento de algum distúrbio alimentar.

De acordo com o Programa de Transtornos Alimentares – AMBULIM do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os Transtornos Alimentares são doenças psiquiátricas que se caracterizam por padrões de comportamentos alimentares inadequados que podem afetar tanto o consumo como a absorção dos alimentos.

A anorexia nervosa é um dos transtornos alimentares mais conhecidos e tem seu diagnóstico pautado no baixo peso corporal, para idade, gênero e trajetória de vida. Geralmente há distorção da imagem corporal ou outras perturbações na vivência do peso e forma corporal. Ela se mantém pela utilização de recursos extremos como longos períodos de jejum, exercícios físicos extenuantes, vômitos voluntários, uso de laxantes, diuréticos ou moderadores de apetite no intuito de forçar uma perda de peso maior. Estes comportamentos inadequados são mantidos devido ao medo intenso de ganhar peso ou engordar.

A bulimia nervosa, por sua vez, é caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar ou hiperfagia (ingestão de grande quantidade de alimento em um curto espaço de tempo com sensação de perda de controle) seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos, uso de laxantes, exercícios físicos extenuantes, etc., com finalidade de impedir o ganho de peso corporal.

O Transtorno de compulsão alimentar também é caracterizado por episódios recorrentes de compulsão alimentar e conta com outros aspectos como: grande velocidade na ingestão dos alimentos, comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome, geralmente de forma escondida, sentir–se deprimido ou muito culpado em seguida. 

Por último, existe o Transtorno alimentar restritivo evitativo (TARE), um transtorno alimentar cujos critérios diagnósticos foram estabelecidos mais recentemente. É caracterizado por uma perturbação alimentar na qual o paciente se esquiva da comida devido a características do alimentos, como: textura, aparência, cor, odor, temperatura ou não apresenta interesse na comida, e é mais comumente observado durante a infância/adolescência. Há um uma perda de peso significativa ou fracasso em obter o ganho de peso esperado ou atraso de crescimento em crianças. As deficiências nutricionais e dependência de alimentação enteral ou suplementos orais podem ocorrer. 

Além destes supracitados, podem ser encontrados transtornos como a vigorexia, transtorno de alimentação de primeira infância, a pica (ingestão de substâncias não nutritivas e prejudiciais ao desenvolvimento como terra e barro) e o transtorno de ruminação (repetidas regurgitações sem causa médica identificada). Embora os transtornos alimentares possam ser tratados com sucesso, apenas 01 em cada 10 pessoas com distúrbio alimentar recebe tratamento adequado.

Sendo assim, é imprescindível que os profissionais de saúde estejam atentos para sinais e sintomas sugestivos destes transtornos, e busquem o mais rapidamente possível o início do tratamento, que seve ser sempre multidisciplinar, contando com acompanhamento nutricional, psicológico e médico.

 

Artigos relacionados:

Referências:

Ambulim. https://ambulim.org.br/transtornos-alimentares/#toggle-id-1

NEDAWARENESS WEEK. Disponível em https://www.nationaleatingdisorders.org/get-involved/nedawareness

Saúde mental dos adolescentes. Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Disponível em https://www.paho.org/pt/topicos/saude-mental-dos-adolescentes

CID-10 – Classificação Internacional de Doenças. Disponível em: https://www.bulas.med.br/cid-10/

American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais- DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.


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