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Doença Cardiovascular e Cigarros Eletrônicos: Uma tendência preocupante

Doença Cardiovascular e Cigarros Eletrônicos: Uma tendência preocupante
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ago. 15 - 4 min de leitura
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O tabagismo é amplamente reconhecido como um comportamento que contribui substancialmente para o aumento do risco de doença cardiovascular (CVD), reduzindo a expectativa de vida em cerca de 10 anos. Desde a introdução dos cigarros eletrônicos (e-cigarettes) no mercado americano em 2006, estes dispositivos tornaram-se populares entre fumantes, sendo frequentemente percebidos como uma ferramenta potencial para a cessação do tabagismo.

Estudos recentes têm avaliado a prevalência e os padrões de uso dos e-cigarettes entre a população adulta dos EUA. Interessantemente, descobriu-se que o uso de e-cigarettes está associado a um aumento de eventos cardiovasculares adversos. Nesse contexto, um estudo publicado no JAMA Network Open em 15 de agosto de 2023, buscou avaliar as tendências de uso dos e-cigarettes entre adultos com CVD.

Os dados foram coletados entre 2014 e 2020 a partir da National Health Interview Survey, uma pesquisa nacional de saúde. As análises indicaram que, embora a prevalência de uso de e-cigarettes tenha diminuído de 5,2% em 2014 para 3,1% em 2019, houve um ressurgimento em 2020, voltando a 5,2%. Notavelmente, entre pacientes com CVD que pararam de fumar, a prevalência de uso de e-cigarettes aumentou de 3,2% em 2015 para 10,1% em 2020.

Ao avaliar a faixa etária, foi observado que o uso de e-cigarettes em pacientes com 60 anos ou mais diminuiu de 2,9% em 2014 para 0,9% em 2020. Em contraste, o uso entre aqueles com menos de 60 anos permaneceu elevado. Além disso, houve uma mudança no padrão de gênero: os homens eram mais propensos a usar e-cigarettes antes de 2018, mas a tendência se inverteu em 2019 e 2020, com as mulheres liderando em 2020 com uma prevalência de 8,3%.

Um dado particularmente relevante é que, em comparação com os fumantes de tabaco combustível, aqueles que haviam parado de fumar e aqueles que tentaram, mas não conseguiram, eram mais propensos a usar e-cigarettes.

A redução no uso de e-cigarettes entre 2015 e 2019 pode ser atribuída aos danos relatados associados a esses dispositivos nos últimos anos. No entanto, o ressurgimento em 2019 pode ser influenciado pelo estresse psicológico gerado durante a pandemia de COVID-19. Muitos pacientes com CVD parecem utilizar e-cigarettes como uma ferramenta de cessação do tabagismo.

Ainda que possam ajudar a controlar o consumo de tabaco, é preciso investigar os potenciais riscos associados à substituição de cigarros tradicionais por e-cigarettes na saúde cardiovascular. Dado o risco cardiovascular associado aos e-cigarettes, a cessação completa do tabagismo pode ser a abordagem mais benéfica para a prevenção secundária de doenças cardiovasculares.

É notável a crescente popularidade dos e-cigarettes, especialmente entre os mais jovens, mulheres e ex-fumantes. O cenário reforça a necessidade de estudos adicionais para compreender os efeitos cardiovasculares dos e-cigarettes em comparação com o tabaco combustível, visando informar futuras diretrizes e legislações voltadas à saúde cardiovascular.



Leia também: 


Referência: 

Wen X, Xia T, Li R, et al. Trends in Electronic Cigarette Use Among US Adults With a History of Cardiovascular Disease. JAMA Netw Open. 2023;6(8):e2328962. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.28962


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