O Research Center, núcleo de pesquisa da Afya, publicou uma pesquisa, realizada entre junho e julho desse ano, sobre a saúde mental do médico brasileiro. A pesquisa contou com 3.115 respostas completas, sendo uma amostra com 95% de confiança e resultados alarmantes.
A maior parte dos médicos participantes eram especialistas, com formação de 0 a 10 anos, que trabalhavam em média 52,2 horas por semana, principalmente em emergências e UPAs.
Desses médicos, 62% têm ou já tiveram sintomas e/ou um diagnóstico de Síndrome de Burnout. Mais da metade dos profissionais associam esses sintomas e diagnóstico ao excesso de horas de trabalho, à falta de tempo e falta de motivação.
Além disso, os profissionais dormem menos que 6-8 horas por dia, não possuem rotina de lazer, não praticam atividade física regular e nunca praticaram meditação e mindfulness. Como forma de escape de ambientes estressantes, aproximadamente metade dos médicos faz uso de drogas psicoativas e bebidas alcóolicas.
O estudo também apontou que, de acordo com a escala de percepção de estresse EPS-10, os médicos brasileiros têm 30% a mais de nível de estresse em relação aos médicos dos Países Baixos. Esse estresse é reconhecido por 75% dos médicos como comprometedor do seu desempenho no trabalho.
Apesar de tudo, os dados, considerados bastante preocupantes, não parecem impactar em mudanças efetivas no ambiente institucional. 75% dos médicos afirmaram que as instituições onde trabalham não oferecem suporte emocional e que 47% delas permitem mais de 24 horas contínuas de trabalho.
Referência:
Saúde Mental do Médico 2022 - Research Center, Afya
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