Sempre que uma doença é diagnosticada em um integrante de um
determinado núcleo familiar, seja essa enfermidade física ou mental, aparece a
necessidade de cuidado. Na maioria das vezes, toda a atenção é dada para a
pessoa doente. Porém, dependendo da situação e da gravidade do problema
apresentado, os familiares, geralmente transformados repentinamente em
cuidadores, também necessitam ter o próprio bem-estar garantido.
O diagnóstico de determinados problemas de saúde causam
sofrimento não apenas ao paciente, mas a todos que o amam e fazem parte de seu
convívio diário. Muitas vezes, a doença resulta em mudanças para toda a
família, implicando em alterações de rotina doméstica, sofrimento emocional e
comprometimento de ganhos financeiros.
Segundo a psicóloga Katia Passos, as famílias que cuidam de
pacientes muitas vezes o fazem sem estar preparadas para cuidar, assumindo
responsabilidades com as quais não sabem lidar. Algumas pessoas acabam tão
envolvidas com o cuidado do doente que se esquecem de cuidar de si mesmas.
“Cuidar de alguém doente envolve alguns riscos. Em algumas
situações, os cuidados são tantos e demandam tanto tempo que o familiar
cuidador deixa de lado suas atividades rotineiras, abandonando a vida social, abrindo
mão de momentos de lazer, deixando de praticar atividade física, esquecendo de
cuidar da própria alimentação e até mesmo comprometendo o próprio desempenho
profissional. A vida dele começa a girar em torno de manter os horários do paciente,
administrar medicamentos e fazer vigília, o que pode gerar uma sobrecarga física
e emocional”, afirma.
O ideal para evitar sobrecarga é ter uma rede de apoio
dentro da família, em que as tarefas e responsabilidades sejam divididas.
Porém, para muita gente, essa rede é inexistente. De qualquer forma, para
evitar o adoecimento físico e mental dos cuidadores, Katia aconselha que
suporte psicológico seja procurado para todos. “O psicólogo pode ajudar o
familiar cuidador a entender os próprios sentimentos e saber como canalizá-los.
Cuidar de uma pessoa doente na família geralmente não é uma atividade devidamente
valorizada”.
Profissionais de saúde de outras áreas também devem ser
procurados e podem ajudar os cuidadores a melhor entender o diagnóstico de
determinada doença, o prognóstico, os sinais, sintomas e em que estágio o
problema se encontra. Eles também podem orientar sobre como agir em momentos de
crises. De acordo com Katia, ter conhecimento sobre a situação e clareza de como
cuidar torna as responsabilidades mais leves.
“Apesar das dificuldades, um momento crítico pode ser também
um momento de fortalecimento de laços entre pacientes e familiares cuidadores.
É bastante comum que, em períodos difíceis, laços de amor e segurança que antes
não existiam sejam desenvolvidos”, comenta.