Estima-se que por ano, 5% da população adulta mundial vive com depressão, sendo que, em países desenvolvidos, 50% desses indivíduos não são diagnosticados ou tratados e, nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, essa porcentagem é em torno de 80 a 90%.
Os desafios criados na pandemia de COVID-19 com o isolamento social, luto, incertezas e acesso limitado a saúde, impactaram severamente a saúde mental de milhões de pessoas. Contra esse cenário, a Comissão da Lancet “Time for united action on depression” se uniu para responsabilizar toda a sociedade na luta para a redução dos casos de depressão no mundo. A comissão é formada por 25 especialistas de 11 países e abrange áreas da neurociência à saúde global e é aconselhado por pessoas com experiência em depressão.
Segundo estudos, 70% a 80% das pessoas que morrem por suicídio em países desenvolvidos e cerca de 50% daquelas em países de baixa e média renda, sofrem de doenças mentais, das quais a depressão é a causa mais comum. Além do custo social, a depressão tem um econômico enorme e pouco reconhecido sobre indivíduos, famílias, comunidades e países. Mesmo antes da pandemia do COVID-19, a perda de produtividade econômica ligada à depressão custava à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano.
A fim de diminuir a prevalência de depressão, a Comissão salienta a necessidade de estratégias de redução da exposição e de experiências adversas desde a infância ao longo da vida por parte de toda a sociedade. Os comissários salientam que as intervenções também são necessárias no nível individual, concentrando-se em fatores de estilo de vida (por exemplo, tabagismo, consumo de álcool, inatividade física) e outros fatores de risco, como violência por parceiro íntimo e eventos estressantes da vida, como luto ou crise financeira.
Para isso, a Comissão apoia uma abordagem personalizada e por etapas para o tratamento da depressão, a qual reconhece a cronologia e a intensidade dos sintomas e recomenda intervenções adaptadas às necessidades específicas do indivíduo e à gravidade da doença. Por sua vez, o tratamento varia e abrange desde autoajuda e mudanças no estilo de vida até terapias psicológicas e antidepressivos para tratamentos mais intensivos e especializados, como terapia eletroconvulsiva (ECT) para formas graves e refratárias da doença.
Por fim, a Comissão reconhece as desigualdades sociais e econômicas entre os países sobre a saúde mental e reivindica um investimento maior para garantir que toda a população receba os cuidados que precisam onde e quando precisam. Além disso, os comissários propõem que sejam adotadas estratégias de cuidados colaborativos para ampliar as intervenções baseadas em evidências nos cuidados de rotina. Eles argumentam que o uso de não especialistas recrutados localmente, como agentes comunitários de saúde e conselheiros leigos, ajuda a reduzir o estigma e as barreiras culturais, ao mesmo tempo em que fornece cuidado integral ao paciente e sua família.
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Referência
(1) Overlooked and underfunded—experts call for united action to reduce the global burden of depression. Fev 2022. Disponível em: https://medicalxpress.com/news/2022-02-overlooked-underfundedexperts-action-global-burden.html. Acessado em Mar 2022.