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Estudo analisa eficácia e segurança de tratamentos para sífilis

Estudo analisa eficácia e segurança de tratamentos para sífilis
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dez. 12 - 4 min de leitura
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Cerca de 12 milhões de novos casos de sífilis são registrados a cada ano no mundo. A doença, causada pelo Treponema pallidum, tem como principal tratamento a penicilina. Porém, ela representa um desafio devido ao registro de um grande número de reações alérgicas e baixa tolerância.

Na tentativa de solucionar a questão, recentemente foi realizado um estudo de revisão sistemática e metanálise de dezessete ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais para analisar a eficácia e segurança dos medicamentos ceftriaxona, eritromicina, minociclina, tetraciclina e doxiciclina em comparação com a penicilina. No total, foram incluídos 4.485 pacientes com idades entre 14 e 80 anos, com sífilis em todos os estágios (primária, secundária, terciária, latente ou congênita).

Os artigos apresentaram as taxas de resposta sorológica em diferentes períodos após o uso dos medicamentos, sendo que três também relataram a segurança dos tratamentos. Estes informaram sobre reações adversas causadas pela penicilina e ceftriaxona em 359 pacientes, sendo as principais a Jarisch-Herzheimer (reação inflamatória febril), especialmente após o uso da ceftriaxona, e a alergia à penicilina.

Foi constatada a hipótese de que as reações de Jarisch-Herzheimer podem estar relacionadas à rota e intervalo de administração da droga, visto que injeções intramusculares e intervalos curtos parecem mais propensos a induzir essas reações. Porém, mais estudos clínicos são necessários para avaliar a segurança.

Sobre as taxas de resposta ao uso dos medicamentos, foram obtidos os seguintes resultados em ordem decrescente de eficácia: ceftriaxona, penicilina, tetraciclina, eritromicina e doxiciclina. Entretanto, não houveram diferenças estatísticas na resposta sorológica entre esses cinco antibióticos no seguimento de doze meses.

O tratamento utilizando ceftriaxona apresentou taxa de resposta sorológica um pouco melhor em relação à penicilina em seis meses, sendo que resultados sugerem que a ceftriaxona pode ser o antibiótico com maior taxa de resposta. Além disso, como resultado de um dos subgrupos, ceftriaxona mostrou-se como um tratamento melhor do que a penicilina para o tratamento de neurossífilis, porém sem significância estatística. O antibiótico apresenta maior lipossolubilidade e maior penetração nos tecidos e nas membranas extracelulares quando comparado a outros antibióticos, permitindo que atravesse rapidamente a barreira hematoencefálica e mantenha sua concentração efetiva por mais tempo para matar o Treponema pallidum.

A ceftriaxona também é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a opção ideal para mulheres grávidas com infecção por Treponema pallidum para o tratamento da sífilis, enquanto a doxiciclina não deve ser usada durante a gestação devido a seus efeitos colaterais.

De modo geral, o estudo mostrou que ceftriaxona é mais efetivo do que penicilina para o tratamento da sífilis após seis meses, mas sua segurança seria mais baixa. Porém, quando a penicilina não está disponível ou o paciente apresenta alergia, a ceftriaxona é tida como um tratamento alternativo bastante eficaz.

Referência:

Liu M, Fan Y, Chen J, Yang J, Gao L, Wu X, Xu X, Zhang Y, Yue P, Cao W, Ji Z, Su X, Wen S, Kong J, Zhou G, Li B, Dong Y, Liu A, Bao F. Efficacy and Safety of Treatments for Different Stages of Syphilis: a Systematic Review and Network Meta-Analysis of  Randomized Controlled Trials and Observational Studies. Microbiol Spectr. 2022 Nov 15:e0297722. doi: 10.1128/spectrum.02977-22. Epub ahead of print. PMID: 36377935.

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