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O apartheid vacinal: ninguém está seguro, até que todos estejam seguros

O apartheid vacinal: ninguém está seguro, até que todos estejam seguros
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out. 26 - 4 min de leitura
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Apartheid é uma palavra em Afrikaans que significa "separação" ou "estado de estar separado", que descreve o sistema de segregação racial institucionalizado que existiu na África do Sul e no Sudoeste da África. O “estado de separação dos programas de vacinas'' para países de renda baixa e média e a falta de soluções reais significativas se assemelham fortemente à situação na África do Sul durante o século XX. Apesar da maioria dos estudos das vacinas contra a COVID-19 terem sido realizados nesses países, estes receberam apenas uma mísera parcela das vacinas que ajudaram a desenvolver, participando de testes clínicos e fornecendo cobaias humanas.

Existem muitas razões pelas quais a comunidade internacional como um todo deve defender a igualdade da vacina contra a COVID-19: reduzir a recessão econômica global, surtos não controlados com maior risco de surgimento de variantes do vírus mais agressivas e viagens inseguras persistentes em uma era de causas de morte agora evitáveis por vacina. Essa desigualdade é uma ameaça evitável à saúde global. Agências de financiamento, formuladores de políticas, empresas farmacêuticas e ONGs, entre outros, têm o dever moral de acabar com o apartheid da vacina e de tornar a igualdade da vacina uma realidade.

Nessa perspectiva, um recente artigo discute como as desigualdades no acesso à vacinação afetam o controle adequado da pandemia, destacando consequências específicas para a saúde infantil. Inclusive o próprio banco mundial já lançou um plano para o fim da pandemia e retorno do crescimento das economias mundiais.

Em 18 de agosto de 2021, 31,7% da população mundial havia recebido pelo menos uma dose da vacina contra a COVID-19 e 23,7% estavam totalmente vacinadas. Cerca de 4,76 bilhões de doses foram administradas globalmente e 37,24 milhões agora são administradas diariamente. No entanto, apenas 1,3% das pessoas em países de baixa renda receberam pelo menos uma dose. Havia uma coalizão global eficaz para desenvolver as vacinas, mas não para distribuí-las. Os países menos poderosos estiveram ativamente envolvidos na produção e nos testes de vacinas, mas não receberam as doses que mereciam e/ou necessitavam.

Leia mais:Meta da OMS: 40% da população mundial deve estar vacinada até o fim de 2021

“Acredito que o mundo enfrenta uma falha moral catastrófica no acesso igualitário às ferramentas para combater a pandemia. - Secretário-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.”

Se esse apartheid vacinal persistir, as consequências morais, sociais e econômicas serão enormes. Até que o mundo inteiro esteja coberto pela vacina nós não poderemos descansar em relação a esta pandemia, pois podem surgir a qualquer momento novas variantes mortais nestes países que não estão protegidos, além disso a economia global continuará prejudicada devido seu caráter transnacional.

As agências de financiamento, formuladores de políticas públicas, empresas farmacêuticas e ONGs, entre outros, têm o dever moral de acabar com o apartheid da vacina e de tornar a igualdade vacinal uma realidade. Não esqueçamos o preço moral de continuar perdendo vidas para uma doença que já é evitável através da vacinação.

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Referências

‌Lanziotti, V.S., Bulut, Y., Buonsenso, D. and Gonzalez-Dambrauskas, S. (2021), Vaccine apartheid: This is not the way to end the pandemic. J Paediatr Child Health. https://doi.org/10.1111/jpc.15805

Conteúdo traduzido e adaptado por Diego Arthur Castro Cabral


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