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O passo a passo da prevenção do câncer de mama

O passo a passo da prevenção do câncer de mama
Caroline Ahrens Ortolan
out. 27 - 8 min de leitura
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Chegamos quase ao fim de mais um mês de outubro e com ele tivemos uma nova campanha para o rastreamento e detecção precoce do câncer de mama. Este é o câncer mais comum entre as mulheres tanto em países desenvolvidos quanto em menos desenvolvidos, com uma estimativa de 1,67 milhão de novos casos diagnosticados em todo o mundo em 2012 (representando 25% de todos os cânceres). O câncer de mama é uma das principais causas de mortalidade em países desenvolvidos (198.000 mortes, 15,4% do total; ocupando o segundo lugar depois do câncer de pulmão) e menos desenvolvidos (324.000 mortes, 14,3% do total; ocupando o primeiro lugar).

Apesar de décadas de pesquisas laboratoriais, epidemiológicas e clínicas, a incidência de câncer de mama continua a aumentar. O câncer de mama continua sendo a principal causa de carga de doença relacionada ao câncer para as mulheres, afetando uma em cada 20 em todo o mundo e até uma em cada oito em países de alta renda.

Embora o rastreamento e detecção precoce por meio do autoexame e mamografia e/ou ultrassom das mamas seja de extrema importância para um melhor prognóstico das pacientes portadoras de câncer, pouco se fala (neste mês e em todos os outros) sobre um tópico primordial: existe algo que as mulheres possam fazer para diminuir a chance de desenvolvimento de câncer de mama? Estima-se que 30 a 40% dos cânceres podem ser prevenidos por meio de mudanças no estilo de vida modificável e fatores de risco ambientais conhecidos por estarem associados à incidência de câncer. Apesar desse conhecimento, ainda há uma consciência limitada de que essas associações existem.

Sabe-se que existem fatores de risco genéticos e ambientais que influenciam no desenvolvimento do câncer de mama. Os primeiros incluem a presença de mutações de oncogenes como o BRCA1, BRCA2 e CHECK2 e também de polimorfismos de nucleotídeos (SNPs). Os fatores de risco não genéticos incluem idade avançada, história pessoal de patologias da mama, mamas densas, exposição a radiação na região do tronco (como para o tratamento de doença de Hodgkin), índice de massa corporal (IMC) maior, comportamento sedentário e falta de exercícios físicos, ingesta excessiva de álcool e fatores reprodutivos como menarca precoce, baixa paridade, período curto de amamentação e menopausa tardia.

O World Cancer Research Fund, o American Institute for Cancer Research  e o American Cancer Society produziram diretrizes para a prevenção de uma série de cânceres que se concentram no controle de peso, exercícios regulares, redução do consumo de álcool e uma dieta baseada em vegetais. Vários grandes estudos de coorte relataram taxas mais baixas de câncer de mama entre as mulheres que aderem às recomendações destas diretrizes. Cinco estudos de mulheres na pós-menopausa relataram reduções de risco de 16% a 60%, principalmente relacionadas à redução da gordura corporal e ingestão de álcool, em vez de diferenças específicas nos padrões alimentares.

Um fato importante relacionado a isso, a meu ver, é que pouco ou muito pouco se fala sobre hábitos que nós mulheres podemos adquirir ou mudar de forma a reduzir a incidência de câncer de mama. Por exemplo, a amamentação deve ser incentivada sempre devido aos inúmeros benefícios que os bebês têm, mas é extremamente infrequente vermos a divulgação de que a amamentação é um dos principais fatores protetores do câncer de mama.

Ademais, busco, neste texto, escrever um pouco especificamente sobre a importância do exercício e atividade física no combate a esta assoladora doença. Ao ser fisicamente ativa, você, querida leitora, pode reduzir o risco de câncer de mama em cerca de 20%.  A atividade física também reduz o risco de recorrência do câncer de mama e mortalidade após um diagnóstico da doença, além de melhorar o prognóstico e diminuir efeitos colaterais do tratamento para a doença.

Os mecanismos pelos quais tal impacto acontece ainda não estão bem elucidados, mas incluem reduções nas concentrações endógenas de hormônios sexuais, resistência à insulina e inflamação crônica de baixo grau. Além disso, outras vias estão surgindo como potencialmente importantes, incluindo aquelas que envolvem estresse oxidativo e comprimento dos telômeros, hipometilação global do DNA, função imune, e aumento da expressão gênica de BRCA e outros genes de reparo do genoma. A atividade física, incluindo exercícios estruturados, reduz os níveis de hormônios, como estrogênio, andrógeno, insulina, leptina (um hormônio associado à fome) e certos fatores de crescimento. Níveis aumentados de todos eles têm sido associados ao câncer de mama. Ser ativo também geralmente melhora a capacidade do sistema imunológico de protegê-la do câncer.

Igualmente importante, manter uma rotina de exercícios físicos também auxilia na manutenção do peso corporal em uma faixa saudável, o que desempenha um papel significativo na redução do risco de câncer de mama se você for uma mulher que atingiu a menopausa ou também se for homem. Um estudo descobriu que apenas uma hora de caminhada por semana ajuda a melhorar as taxas de sobrevivência se você tiver câncer de mama, com benefícios máximos encontrados em mulheres que caminharam de 3 a 5 horas por semana.

Por isso, finalizo este breve artigo fazendo um apelo: que possamos divulgar mais os benefícios da prática de exercícios físicos para todas as pessoas, em especial as mulheres. Não deixem de realizar os exames de rotina, tenham um médico ginecologista de confiança, busquem uma rotina alimentar rica em vegetais, frutas e hortaliças. Se conheçam e se amem. Deixo também o meu carinho a todas as mulheres que lutam ou já lutaram contra esta misteriosa, porém vil, doença. Desejo que possamos, todos juntos, literalmente caminhar em direção à prevenção e tratamento do câncer de mama.

 

 

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Referências:

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