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Qual o impacto das experiências adversas no cérebro?

Qual o impacto das experiências adversas no cérebro?
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nov. 3 - 4 min de leitura
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Um estudo publicado no JAMA Network Open em 01 de novembro de 2023 buscou analisar a relação entre experiências adversas de vida e mudanças em funções cerebrais, utilizando resultados de ressonância magnética funcional (fMRI).

A pesquisa intitulada Adverse Life Experiences and Brain Funcition. A Meta-Analysis of Functional Magnetic Resonance Imaging Findings, destaca a associação entre estresse e neuroplasticidade em regiões cerebrais como o córtex pré-frontal (PFC), a amígdala, o hipocampo e partes da rede de saliência, fundamentais na avaliação de potenciais ameaças e na iniciação de respostas comportamentais e fisiológicas de enfrentamento.

A amígdala é uma região cerebral crucial envolvida na detecção de ameaças e na geração de comportamentos defensivos. A hiperatividade da amígdala tem sido implicada como um biomarcador para o diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e está associada à gravidade dos sintomas.

O estudo utilizou uma abordagem de meta-análise chamada Análise de Densidade de Kernel Multinível (MKDA) para superar algumas das limitações presentes em análises anteriores, como o uso de amostras pequenas e a variabilidade metodológica. A MKDA permitiu uma análise mais abrangente e generalizável dos 83 estudos incluídos na pesquisa.

Os resultados principais mostraram que uma história de adversidade severa está associada a um aumento nas respostas da amígdala e uma diminuição nas respostas do PFC em adultos durante tarefas de processamento emocional, evidenciando como essas alterações cerebrais podem impactar a regulação das emoções.

A figura a seguir apresenta as coordenadas que indicam as respostas dependentes do nível de oxigênio no sangue (BOLD) para o grupo de adversidade em comparação com o grupo de controle, abrangendo todos os quatro domínios neurocognitivos analisados no estudo:

Fonte:  Hosseini-Kamkar N, Varvani Farahani M, Nikolic M, et al., (2023)

A pesquisa comparou indivíduos com históricos de adversidades severas e moderadas, bem como indivíduos com Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), com grupos de controle. Os resultados mostraram uma diminuição na atividade do estriado nos grupos que enfrentaram adversidades severas e nos indivíduos com TEPT. Isso sugere que essas experiências podem comprometer a capacidade do cérebro de traduzir estados motivacionais em ação.

Ao avaliar os tipos de adversidaes, constatou-se que as adversidades do tipo ameaça foram associadas a um aumento na ativação do giro temporal superior direito, uma região envolvida na discriminação, reconhecimento e compreensão de sons não verbais. Já as adversidades mistas foram associadas a um aumento na atividade do precuneus, uma parte da rede de modo padrão envolvida na recuperação de memórias episódicas.

A figura a seguir, ilustra as respostas de Nível Dependente de Oxigênio no Sangue para o grupo de adversidade do tipo ameaça em comparação com o grupo de controle:

Fonte:  Hosseini-Kamkar N, Varvani Farahani M, Nikolic M, et al., (2023)

Os autores concluíram que a exposição à adversidade está associada a alterações nas estruturas límbicas e corticais frontais, proporcionando um mecanismo potencial pelo qual a adversidade prévia leva a uma susceptibilidade duradoura a problemas de saúde mental. Esses resultados reforçam a importância de abordagens terapêuticas que visem melhorar a regulação emocional e cognitiva em indivíduos que passaram por experiências adversas de vida.

*As imagens apresentadas neste conteúdo foram extraídas da pesquisa original. Para uma consulta detalhada ao estudo completo, disponibilizamos aqui o link de acesso.





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Referência: 

Hosseini-Kamkar N, Varvani Farahani M, Nikolic M, et al. Adverse Life Experiences and Brain Function: A Meta-Analysis of Functional Magnetic Resonance Imaging Findings . JAMA Netw Open. 2023;6(11):e2340018. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.40018


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