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Radioatividade: efeitos biológicos e radioproteção

Radioatividade: efeitos biológicos e radioproteção
Bárbara Figueiredo
nov. 8 - 6 min de leitura
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Efeitos biológicos da radiação

Convivemos no dia a dia com a radioatividade, por meio de fontes naturais ou artificiais. Ela é inofensiva para a vida humana em pequenas doses, mas se for excessiva, pode provocar lesões no sistema nervoso, aparelho gastrintestinal e medula óssea. Pode também provocar redução de leucócitos, hemácias e plaquetas do sangue, (mas que depois de algumas semanas essa baixa, tende a retornar a normalidade). Contudo, os efeitos dessa radioatividade no organismo humano vão depender da quantidade acumulada no corpo e do tipo da radiação.

O que é a radiação gama?

A radiação gama é um tipo de radiação eletromagnética de alta concentração de energia que  permite penetrar profundamente na matéria, e é barrada somente por placas espessas de chumbo ou concreto. Essa radiação também é usada em radioterapias. Ao interagir com uma célula tumoral, os raios gama provocam efeitos químicos e biológicos que levam à morte celular, seja pela inativação de alguma função vital da célula, seja pela perda de sua capacidade de reprodução, ou por outros fatores.

Quando uma radiação de alta energia (raios-X ou gama) atinge uma célula, ela pode provocar o pior tipo de dano que nosso DNA pode sofrer: as quebras da fita dupla, tornando o seu reparo extremamente difícil. Porém, há também a possibilidade do DNA conseguir se reparar, reorganizando sua estrutura com novas informações genéticas, as mutações. 

No entanto, a radiação, quando manuseada de forma correta, pode ser benéfica. Na área da saúde, por exemplo, um maior nível de eficiência dos exames, maior definição, nitidez, contraste, que são importantes por conseguirem captar muito mais detalhes e diagnosticar problemas de saúde com mais facilidade, melhor interpretação, agilidade e produtividade no processo, enfim, melhor custo-benefício.

Restrições radiológicas (proteção radiológica)

Os danos radiológicos podem ser reversíveis ou irreversíveis, ou seja, cumulativos ao longo do tempo. Por isso, é necessário reduzir ao máximo a exposição do individuo a radiação, e para isso, existem algumas restrições severas quanto ao uso das radiações ionizantes, que são conhecidas como medidas de radioproteção.

Qualquer atividade que envolva radiação deve ser justificada com relação as outras alternativas disponíveis, bem como todas as exposições devem ser mantidas baixas quando razoavelmente executadas, que é o principio ALARA, (“tão baixo quanto razoavelmente possível”), que não deve ultrapassar os limites primários das normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear: 

A ANVISA também determina que para responder pela solicitação de um procedimento radiológico, o profissional deve ser formado em medicina ou odontologia (no caso de radiologia odontológica) e que nenhum indivíduo pode administrar intencionalmente, radiações ionizantes em seres humanos sem a formação adequada. 

Mulheres com capacidade reprodutiva

Como as mulheres já nascem com seus óvulos, elas merecem um cuidado maior, pois a exposição dos ovários a radiação pode, além de impedir a gestação, acarretar efeitos graves no feto. Por isso, as mulheres em idade reprodutiva devem ter limitações de doses especificas.

Algumas considerações são relevantes para avaliar a necessidade do exame em gestantes, como se há algum método alternativo sem radiação ionizante, se há urgência ou pode adiar para o pós-parto, qual seria a região examinada e em qual fase da gestação esta mulher está, além do cuidado em relação às reações adversas referentes ao contraste iodado.

Quais as reais necessidades de requisitar exame de imagem?

Quando o médico decide pelo controle radiológico, algumas questões devem ser levantadas, como:

1- o tempo de evolução clínica é suficiente para haver a demonstração de alguma alteração radiológica?

2- existe modificação importante no quadro clínico indicando que o tratamento é ineficaz?

3- a radiografia de contraste satisfaz a necessidade do médico ou do paciente?

Além disso, é importante considerar a relação risco-benefício da radiação ionizante, ao solicitar outros exames, e levantar mais outras duas questões, como:

1- há necessidade de diagnosticar doença previa que pode ser agravada pela atividade profissional? 

2- e se existe algum risco de uma doença profissional especifica pela historia do paciente? 

O que o aparelho precisa para que a realização do exame seja necessária e suficiente? (monitorização de doses, equipamentos)

No caso dos equipamentos geradores de raios-X, não há contaminação constante de pessoas ou objetos, somente quando expostas a essa radiação. Porém, quanto maior sua energia, maior sua penetração.

Devem ser considerados dois tipos de feixes de radiação. Os feixes primários, que são aqueles resultantes da incidência direta sobre o alvo a ser irradiado, e os feixes secundários, que são resultantes da reflexão sobre o alvo, e são geralmente relacionados com os radiologistas.

Para que a dose de radiação seja apenas a necessária e suficiente, é preciso que o equipamento, tanto o radiológico quanto o de revelação, estejam bem calibrados, que o tamanho do campo da exposição seja apenas o necessário para avaliar aquela região, então por isso é utilizado o colimador, que possui um indicador luminoso que projeta a área de exposição no paciente.

E para a proteção contra a radiação ionizante é necessário distância das fontes (já que a exposição é inversamente proporcional ao quadrado da distância) blindagem, um absorvedor (entre a fonte e a pessoa) e tempo, a fim de minimizar ao máximo o tempo da exposição.

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Referências

[1] Mignone, C., & Barnes, R. (2011). More than meets the eye: the electromagnetic spectrum. Science in School, 20, 51-59.

[2] Tauhata, L., Salati, P. A., Di Prinzio, R., & Di Prinzio, A. R. (2003). Radioproteção e dosimetria: fundamentos (p. 254). CBPF.

[3] A Descoberta da Radioatividade. Física Moderna. UFRGS. Texto baseado no artigo de MARTINS, R. A. Como Becquerel não descobriu a radioatividade, 1990. Acesso em: 09 jan. 2021. Disponível em: https://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/mod06/m_s02.html

[4] HISTÓRIA da Radiologia. Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Acesso em: 09 jan. 2021. Disponível em: https://www.spr.org.br/a-spr/historia-da-radiologia

[5] Radiologia: Diagnóstico por Imagem na Formação do Médico Geral - Hilton Augusto Koch, UFRJ.

 


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