Um estudo publicado no British Medical Journal (BMJ) revelou que níveis crescentes de atividade física, bem como a persistência de um estilo de vida ativo ao longo do tempo estão associados a um risco reduzido de episódios de Doença Cardiovascular (DCV) em idades mais avançadas.
Na pesquisa, os cientistas observaram que, dentre as doenças cardiovasculares, a maior redução de risco foi entre Doença Arterial Coronariana incidente e insuficiência cardíaca. Em relação à idade, o risco foi significativamente reduzido entre participantes entre 70 a 75 anos, sugerindo que há maiores benefícios cardiovasculares quando pratica-se exercícios físicos no início da terceira idade. Também, uma exposição mais prolongada à atividade física moderada e vigorosa parece ser mais eficaz na redução dos riscos cardiovasculares nesse mesmo grupo.
Consoante o estudo e outras literaturas citadas por este, a menor dose efetiva de atividade física parece ser alcançada com pelo menos 20 minutos de atividade física por dia. Além disso, o estudo encontrou que melhorar e manter um estado ativo mesmo em idade avançada foi associado a uma menor incidência de DCV. Ainda, os resultados do estudo sugeriram que quanto mais cedo as pessoas se engajarem em atividade física, maior a redução na incidência de DCV que elas podem alcançar.
A respeito do impacto de atividade física em mulheres, os pesquisadores apresentaram pouca significância estatística na redução do risco nessa população, entretanto, ao considerar a mortalidade geral, os riscos de mulheres que praticam mais atividade física foram significativamente reduzidos em relação as que não se exercitam diariamente.
O estudo de coorte inicial contou com a participação de 3.099 italianos com idade ≥65 anos com avaliação inicial em 1995–1997 e visitas de acompanhamento em 4 e 7 anos. Depois desse período de 7 anos, a vigilância foi estendida até 2018 por meio de registros hospitalares e de mortalidade. As doenças cardiovasculares prevalentes e incidentes (doença coronariana, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral) foram identificadas por meio de exame clínico, questionário ou prontuários hospitalares.
As informações sobre as horas gastas por semana em atividades específicas permitiram categorizar a atividade física como moderada a vigorosa. A atividade física moderada inclui caminhadas, jogos que exigem exercícios físicos moderados, como boliche, e pesca. A atividade física vigorosa incluía jardinagem, ginástica, ciclismo, dança e natação. Os participantes foram definidos como ativos ou inativos se engajassem por > 20 min/dia ou ≤ 20 min/dia, respectivamente, nessas atividades, conforme as recomendações da OMS.
Por fim, a evolução do padrão de atividade física foi identificada quando os dados estavam disponíveis em duas ou mais visitas. Foram definidos quatro categorias de trajetórias: estável-baixo (inativo-inativo), alto-decrescente (ativo-inativo), baixo-crescente (inativo-ativo) e estável-alto (ativo-ativo). Para análise de sensibilidade, as evoluções também foram definidas por todas as três visitas disponíveis (evoluções estáveis).
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Referência
- AMIDEI, Claudio Barbiellini et al. Association of physical activity trajectories with major cardiovascular diseases in elderly people. Heart, v. 108, n. 5, p. 360-366, 2022. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1136/heartjnl-2021-320013. Acesso em: 10 de maio de 2022.