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A empatia sob perspectiva de Shakespeare

A empatia sob perspectiva de Shakespeare
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fev. 24 - 2 min de leitura
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“Exponha-se para sentir o que sentem os miseráveis” - Rei Lear Ato III cena iii

O dramaturgo inglês escreveu suas peças em tempos de peste e convulsão religiosa, antes da Revolução Científica (1). Longe da lente científica mecanicista, a abordagem empática de Shakespeare demonstra sua sensibilidade às preocupações psicológicas e sociais. Em suas obras, o escritor retrata o mundo do ponto de vista da outra pessoa, sendo que cada um de seus personagens fala com sua própria voz, gerando uma narrativa composta de múltiplas perspectivas individuais. Dessa forma, o ator dava oportunidade para os espectadores entenderem como heróis e vilões compreendiam, sentiam e quais eram suas perspectivas morais frente a uma determinada situação.

 Assim como passamos mais recentemente com o COVID-19, na época da peste os teatros estavam fechados e as cidades estavam passando por um lockdown, Assim, Shakespeare,como nós, vivia com a incerteza. Nesse contexto, Shakespeare conseguiu repassar a sensibilidade do momento por meio de seus autores, ao construir textos em que os dramaturgos atuavam profundamente, sentindo as emoções e transmitindo uma empatia autêntica. Dentro da medicina, a prática dessa empatia conceituada no nível profundo reconhece o paciente como um ser humano semelhante, desenvolvendo um sentimento de fraternidade (1). Este sentimento de humanidade partilhada pode criar uma sensação de segurança em situações de grande incerteza, como nos cuidados de fim de vida e na promoção de um trabalho em equipe eficaz(1).

As peças de Shakespeare estimulam médicos e estudantes a engajar uma perspectiva psicossocial ao pensar a história do paciente, estimulando sua capacidade de ver o mundo pelos olhos do outro(1). Essas obras podem ampliar a compreensão do sofrimento dos pacientes desenvolvendo uma prática reflexiva imaginativa e ampliando a curiosidade clínica. Essa maneira de abordagem permitiria ao médico a interação com o paciente em um processo conjunto de dar sentido às suas histórias de sofrimento. Entretanto, para isso,  é necessário que o doutor aceite transcender a si mesmos para se conectar com o mundo interior dos outros(1).

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Referência 

  1.  Jeffrey DI. Shakespeare’s empathy: enhancing connection in the patient–doctor relationship in times of crisis. Journal of the Royal Society of Medicine. 2021;114(4):178-181. doi:10.1177/0141076821996005

 


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