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Como a comunicação transforma nossas relações?

Como a comunicação transforma nossas relações?
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set. 26 - 5 min de leitura
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Em um mundo cada vez mais guiado pela ciência e pela tecnologia, a essência das interações humanas reside na autêntica e empática comunicação. No campo das ciências médicas, torna-se crucial entender que, à medida que avançamos em técnicas e tratamentos, é o toque humano e a capacidade de verdadeiramente ouvir e se conectar que fazem toda a diferença no cuidado ao paciente.
Essa habilidade de comunicar-se eficazmente não apenas define a qualidade do atendimento médico, mas também permeia todas as esferas das relações humanas. É o pilar fundamental para fortalecer laços interpessoais e melhorar o bem-estar coletivo. Neste contexto, vamos explorar sobre a comunicação, sua essência e seu valor imensurável.

A ciência psicológica, em seus avanços, tem evidenciado o impacto significativo das conversas na melhoria de nosso bem-estar e na intensificação de nossos laços interpessoais. Em uma publicação datada de 18 de setembro de 2023 pela American Psychological Association (APA), insights de renomados especialistas nos oferecem uma perspectiva enriquecedora sobre a arte refinada da comunicação.

Iniciando a abordagem, a professora Thalia Wheatley, PhD, do Dartmouth College, descreve a conversa como uma 'tecnologia antiga', a qual alinha nossos cérebros para que possamos entender e conectar-nos uns com os outros. Mesmo sendo uma atividade tão presente em nosso dia a dia, é surpreendentemente difícil de estudar devido à complexidade inerente das interações humanas.

No entanto, com o advento da inteligência artificial e novas técnicas de neuroimagem, como a "hiperscanning", estamos começando a entender mais sobre esse comportamento universal. Diana Tamir, PhD, da Universidade de Princeton, por exemplo, descobriu que os estados mentais entre pessoas estranhas tendem a se tornar mais semelhantes durante uma conversa. Em contraste, amigos começam conversas com estados mentais alinhados, mas tendem a divergir à medida que a discussão progride.

Mas por que nos esquivamos de conversas profundas, especialmente com pessoas desconhecidas?

Juliana Schroder, PhD, da Universidade da Califórnia, Berkeley, sugere que muitas vezes tememos o desconforto ou a possibilidade de um silêncio constrangedor. Apesar de pesquisas indicarem que esses receios são, na maioria das vezes, infundados. Na realidade, conversas mais profundas tendem a ser mais gratificantes e menos desajeitadas do que prevemos.

A capacidade de se engajar em conversas significativas pode ser particularmente valiosa. Ao buscar compreender e validar perspectivas diferentes, não apenas melhoramos a qualidade de nossas interações, mas também fortalecemos a confiança e a empatia – componentes essenciais em todas as esferas das relações humanas.

Outro aspecto fundamental na comunicação também discutido entre os especialistas, refere-se a escuta ativa. Julia Minson, PhD, da Harvard Kennedy School, enfatiza a importância de fazer perguntas, especialmente as de acompanhamento, para demonstrar interesse genuíno e atenção ao que o interlocutor está dizendo.

Diante de divergências, a empatia e a escuta ativa são habilidades essenciais. Para aprimorar ainda mais a receptividade em tais situações, especialistas do Imperial College London introduziram a abordagem HEAR, um conjunto de ferramentas projetadas para melhorar a 'receptividade conversacional', especialmente quando confrontados com opiniões divergentes.

Saiba mais sobre a abordagem HEAR, clicando aqui para acessar a publicação.


Ao buscar entender como a comunicação transforma nossas relações, este conteúdo nos convida a refletir sobre a humanização e a empatia como pilares essenciais em todos os contextos que envolvem interações humanas.

Especialmente no cenário da saúde, e mais precisamente no âmbito médico, esses valores ganham destaque, como exemplificado pela reflexão do Dr. João Lobo Antunes (1944-2016), renomado neurocirurgião e professor catedrático de neurocirurgia da Faculdade de Medicina de Lisboa, Portugal.



"Não sei o que nos espera, mas sei o que me preocupa: é que a medicina, empolgada pela ciência, seduzida pela tecnologia e atordoada pela burocracia, apague a sua face humana e ignore a individualidade única de cada pessoa que sofre, pois embora se inventem cada vez mais modos de tratar, não se descobriu ainda a forma de aliviar o sofrimento sem empatia ou compaixão.” (Obra: Ouvir com outros olhos Gradiva – 2015).

Defensor de uma visão humanista da medicina, a citação nos lembra do valor inestimável de manter a humanidade e a empatia no centro de todas as nossas interações, tão essenciais na medicina quanto em outras esferas das relações humanas. E para alcançar verdadeiramente esse ideal, o segredo está na arte da boa comunicação! 😉 


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Referências: 

  • Antunes, J. L. (2015). Ouvir com outros olhos. Gradiva.







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