Uma pesquisa feita recentemente na parte alemã da Suíça, pelo jornal suiço NZZ, mostrou dados alarmantes em relação aos "médicos residentes"* no país . (*Médico assistente é o médico residente = médico em formação).
Eles mostram que os médicos assistentes estão sob imensa tensão, pressão, que a qualidade da formação está diminuindo e que os hospitais estão presumivelmente violando sistematicamente a lei trabalhista. Isto tem consequências para os médicos e para os pacientes, por que o risco de erros aumenta devido ao excesso de trabalho e a formação (residência médica) dos desistentes tem custado muito dinheiro, colocando o sistema de saúde sobrecarregado ainda mais à beira do abismo.
Muitos trabalham onze horas ou mais por dia. Uma das cerca de 4500 pessoas que participaram da pesquisa da NZZ (Jornal Suíço) é Emma Welti (nome fictício). Como todas as outras entrevistadas, a jovem médica quer permanecer anônima. Ela teme consequências negativas se ela falar de forma crítica.
Não é a primeira experiência em hospital de Welti como médica assistente: ela já trabalhou em várias especialidades, em hospitais pequenos e grandes em toda a Suíça. Welti sabe o que significa ser médica assistente. E ela sabe o que significa trabalhar muito. "Eu trabalho regularmente mais de 10 horas por dia". Welti não é exceção, pelo contrário. Quase 40% dos médicos assistentes trabalham mais de 11 horas por dia.
De acordo com o Código do Trabalho Suíço, as pessoas só podem trabalhar mais de 50 horas por semana em casos excepcionais. Isto também se aplica nos hospitais . Desde 2005, os médicos assistentes estão sujeitos à Lei do Trabalho na Suíça. Por isso o médico assistente tem contrato de trabalho, mas é um médico em formação sob supervisão. Muitos deles já têm uma semana de 50 horas por contrato, mas muitas vezes têm que trabalhar horas adicionais. Na pesquisa, dois terços dos médicos disseram que as horas máximas de trabalho permitidas já foram excedidas no tempo normal de trabalho de acordo com o contrato.
Os participantes da pesquisa citam duas razões principais para as horas extras: a pesada carga de trabalho e a burocracia. Emma Welti conhece o problema por sua própria experiência: "Às vezes, 30% do meu dia consiste em atividades médicas, os outros 70% estão ao telefone e escrevendo relatórios". A falta de digitalização no setor da saúde agrava a situação. Muitos participantes da pesquisa reclamam de sistemas informáticos obsoletos.
Formar um médico no país custa para a Suíça 1,3 milhões de francos suíços brutos. Isso quer dizer que formar um médico vale ouro.
67% dos médicos especialistas na Suíça (parte alemã) são médicos formados em um país da União Europeia e a cada ano que passa isso se torna mais comum. Sendo assim, menos custoso para o país.
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