Utilizando-se de um aplicativo para smartphone, pesquisadores de Harvard trabalharam para medir a
duração e a frequência do pensamento suicida. Os resultados do estudo,
realizado com a participação de 105 homens e mulheres com histórico de
pensamentos relacionados ao ato de acabar com a própria vida, foram publicados na
Proceedings of the National Academy of
Sciences.
Durante 42 dias, em diferentes ocasiões a cada dia, os
participantes da pesquisa foram questionados sobre seus sentimentos e
pensamentos através do recebimento de pop-ups.
Foram realizadas perguntas sobre o nível de desejo suicida naquele exato
momento e sobre o estado atual de intenção suicida. As respostas foram
fornecidas em uma escala de zero a 10, sendo este último número definido como desejo
muito forte ou intenção de se matar.
Ao analisar os resultados, os cientistas concluíram que o
pensamento suicida tende a ser breve e que ele vai e vem, o que faz com que as
pessoas com histórico de pensamento suicida não pensem em se matar na maior
parte do tempo. Segundo o estudo, avaliações menos frequentes com os
participantes apontam que a duração média do desejo suicida elevado é de 9
horas e meia. Já testes de alta frequência colocam a média em 1,4 hora.
Outra conclusão é que o desejo suicida atual tende a prever
o desejo suicida futuro por cerca de 20 horas. Enquanto isso, a intenção
suicida é menos comum, podendo ser prevista em escalas de tempo que variam de uma
a três horas.
O objetivo dos pesquisadores é alcançar uma melhor
compreensão do pensamento suicida e assim colaborar com a implantação de ações
preventivas e intervenções.
Referência:
Daniel D.L. Coppersmith et al, Mapping the timescale of suicidal thinking, Proceedings of the National Academy of Sciences (2023). DOI: 10.1073/pnas.2215434120
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