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Pesquisadores brasileiros encontram eficácia em flavonoides contra o veneno de Jararaca

Pesquisadores brasileiros encontram eficácia em flavonoides contra o veneno de Jararaca
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mai. 26 - 4 min de leitura
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a serpente Bothrops jararaca (B. jararaca)  é considerada uma espécie de alta relevância médica devido à alta porcentagem (90%) de acidentes ofídicos no Brasil. Apesar da alta incidência, o único tratamento preconizado é a administração de soros de origem animal, que inibem diretamente as toxinas do veneno. Entretanto, o soro antiofídico utilizado apresenta limitações para bloquear os efeitos locais induzidos pela picada e complicações secundárias como estresse oxidativo/nitrosativo. 

Para ter mais opções de tratamento contra os acidentes de Jararaca, pesquisadores do Instituto Butantan, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) testaram duas substâncias  flavonóides em relação às atividades enzimáticas características do veneno de cobra Jaraca in vitro, e do seu potencial para inibir a toxicidade e letalidade do veneno.

O veneno botrópico é composto principalmente por proteínas, como metaloproteinases de veneno de serpente (SVMP), serinoproteases (SVSP), fosfolipases A 2 (PLA 2 ), lectinas tipo C, L-aminoácido oxidases, hialuronidases, entre outras. Essas proteínas são responsáveis ​​pelas atividades tóxicas e letais do veneno, que induzem uma resposta inflamatória, estresse oxidativo/nitrosativo e distúrbios hemostáticos, como trombocitopenia, coagulopatia consumptiva e sangramentos  

Uma vez picado por uma Jararaca, o veneno desse réptil induz alterações sistêmicas, como trombocitopenia, diminuição da contagem de hemácias e hipofibrinogenemia, tanto em modelos animais quanto em pacientes picados. Assim, a análise de distúrbios hemostáticos, como incoagulabilidade sanguínea, hipofibrinogenemia e outras alterações hematológicas, são parâmetros relevantes para avaliar tanto a gravidade do envenenamento quanto a eficácia da administração do antiveneno.

Assim, as substâncias  flavonóides testadas pelos cientistas foram a Rutina, derivada  de plantas, de fácil acesso e baixo custo, e o Succinato de Rutina, produzido laboratorialmente. No entanto, o uso da Rutina apresenta limitações quanto à sua solubilidade aquosa e biodisponibilidade. A rutina apresenta diferentes atividades, como antioxidante, anti-inflamatório, antitrombótico, pró-hemostático e inibidor da proteína dissulfeto isomerase.

Os pesquisadores ressaltaram que a rutina já é comercializada como suplemento alimentar em vários países e é considerada segura pela Food and Drug Administration (FDA) em doses recomendadas de 2 g por dia para seres humanos. Formulações químicas contendo rutina ou compostos análogos (Varemoid®, Relvene®, Venoruton® e Paroven®) são comercializadas desde a década de 1960 para o tratamento tópico de distúrbios venosos. Sabe-se que o uso  de compostos ou extratos vegetais – incluindo flavonóides – pode inibir total ou parcialmente a letalidade e hemorragias induzidas pelo veneno de Jararaca, porém os compostos e mecanismos pelos quais essa inibição ocorre ainda não foram descritos.

Por fim, segundo os autores, a Rutina e o Succinato mostraram importante eficácia na proteção de camundongos da toxicidade do veneno botrópico, garantindo a sobrevivência dos camundongos e melhorando o equilíbrio hemostático. Entretanto, mais estudos são necessários para investigar o potencial terapêutico da rutina e do RS em outros modelos de envenenamento, e em diferentes intervalos de tempo, bem como seu uso como agente complementar à terapia antiveneno.

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Referência

SACHETTO, Ana Teresa Azevedo; MIYAMOTO, Jackson Gabriel; TASHIMA, Alexandre Keiji; SOUZA, Ana Olívia de; SANTORO, Marcelo Larami. The Bioflavonoids Rutin and Rutin Succinate Neutralize the Toxins of B. jararaca Venom and Inhibit its Lethality. Frontiers In Pharmacology, [S.L.], v. 13, n. 1, p. 1-1, 21 fev. 2022. Frontiers Media SA. http://dx.doi.org/10.3389/fphar.2022.828269.


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